General José Batista de Queiroz
Membro da AHIMTB/DF
O Império Persa, também denominado Império Aquemênida, foi fundado por Ciro, o Grande, em 550 a. C., após derrotar os medos e tornar-se Rei da Pérsia e da Média. Conquistou depois os Reinos da Lídia, da Babilônia e as colônias gregas da Ásia Menor. Ao morrer, havia construído um imenso Império, que se estendia das montanhas do Afeganistão até o rio Indo, nas margens do Mediterrâneo. Esses territórios foram ampliados pelos governos posteriores. O Império Persa durou até 330 a.C. (220 anos), quando foi conquistado por Alexandre Magno, da Macedônia. Foi o maior Império do Oriente Antigo, abrangendo territórios da Europa, da Ásia e da África. Ao atingir a sua extensão máxima tinha oito milhões de quilômetros quadrados (quase a mesma dimensão do Brasil) e uma população estimada em 50 milhões de habitantes, correspondendo a 44% da população mundial da época. Foi um Império de gestão moderna, como o da Alemanha e o da França de Napoleão, servindo de modelo para os gregos e romanos, em seus aspectos de governança. Era constituído de várias Províncias (Satrapias), independentes em costumes, leis, religião e cultura.
A origem do Império Persa está no Irã. Por volta do ano 1.000 a.C., dois povos distintos se estabeleceram no planalto iraniano. Esses povos fundaram dois Reinos independentes: o da Média, ao norte, e o da Pérsia ao sul. Os medos se tornaram o grupo dominante. Conquistaram a Pérsia e incorporaram o seu território, passando a cobrar impostos. No ano 558 a.C., Ciro, de origem meda (seu avô foi rei da Média), ascendeu ao trono da Pérsia e organizou um movimento de resistência aos medos. Em 550 a.C., derrotou esses povos e fundou o Império Persa. Após dominar toda a região do Irã, Ciro subjugou o Reino da Lídia (provavelmente no ano 547 a.C.), depois o da Babilônia, em 539 a.C. e ainda capturou todas as cidades gregas da Ásia Menor. A Lídia corresponde à Anatólia, uma porção ocidental da antiga Ásia Menor (Turquia). É banhada pelo mar Negro, mar de Mármara e mar Egeu. Após ser conquistada por Ciro, tornou-se Província (Satrapia) do Império Persa. A Babilônia fica na região da Mesopotâmia, abrangendo os vales do Tigre e do Eufrates. Corresponde à maior parte dos atuais territórios do Iraque e Kwait, além de partes da Síria. A última campanha militar de Ciro foi contra os Massagetas, uma tribo de nômades que vivia na Ásia Central. Morreu durante essa campanha, em 530 a.C., e deixou, como legado, um dos maiores Impérios do mundo.
Cambises, filho e sucessor de Ciro, deu continuidade à política de expansão, conquistando o Reino do Egito em 525 a.C., na batalha de Pelusa. Enquanto seu pai é lembrado por sua generosidade com os inimigos, poupando-lhes a vida, Cambises é lembrado como um tirano, de comportamento rancoroso, agressivo e temperamental Do Egito, marchou para conquistar Cartago, mas foi obrigado a voltar devido ao calor escaldante e insuportável do deserto. Deixou o Egito e faleceu durante o seu retorno à Pérsia, em 522 a.C.
Dario, primo de Cambises, assumiu o trono em 522 a.C. e iniciou uma nova fase na história da Pérsia. Deu continuidade à política expansionista de Ciro, conquistando a Trácia (atual Bulgária), a Macedônia e territórios na Índia. Durante o seu governo, o Império atingiu o seu apogeu. Tinha grande capacidade administrativa e política. Além de expandir o Império, organizou o território, dividindo-o em 20 Províncias (Satrapias), governadas por líder provinciano (sátrapa), escolhido pelo rei. Organizou também um serviço de espionagem para fiscalizar os sátrapas. Instituiu um sistema monetário de moeda única (o dárico), cunhada em ouro ou prata, para facilitar o comércio entre as Províncias. Adotou o aramaico, herdado dos assírios, como idioma usado nas comunicações oficiais. Instituiu projetos de construção nas cidades de Susa, Parságada, Persépolis e Babilônia. Implantou ainda um eficiente sistema de estradas, ligando as Províncias ao centro administrativo do Império, com destaque para a estrada que ligava Sardes a Susa, com 2.400 km de extensão. Essas estradas facilitavam a mobilidade das tropas e permitia organizar um sistema de correios a cavalo, com pontos de apoio.
A sustentação do luxo do Rei e das elites, seus palácios, haréns e banquetes, recaía sobre o povo. A cobrança de impostos causava descontentamento. No período 499-493 a.C., houve várias revoltas nas regiões dominadas pelos persas, por causa desses impostos, com destaque para as colônias gregas localizadas no litoral da atual Turquia. Dario debelou essas revoltas e jurou punir as cidades gregas de Atenas e Erétria, por seu apoio aos rebeldes, iniciando a Primeira Guerra Greco-Pérsica. Invadiu a Grécia, mas foi derrotado na batalha de Maratona (490 a.C.). A partir dessa derrota, aumentaram-se as revoltas e o Império teve dificuldade em controlar seus domínios.
Dario escolheu seu filho Xerxes para sucedê-lo, apesar de não ser o primogênito. Assumiu o trono após a morte de seu pai, em 486 a.C., e governou o império até 465 a.C., data de seu assassinato. Xerxes enfrentou também revoltas internas, mas sua obsessão era vingar a derrota de seu pai contra os gregos. Decidiu conquistar a Grécia, iniciando a segunda Guerra Greco-Pérsica. Derrotou os gregos em Termópilas (480 a.C.) e invadiu Atenas, incendiando a cidade e arrasando os santuários da Acrópole. Foi, porém, derrotado na batalha naval de Salamina (480 a.C. Com essa derrota, o Império entrou em decadência. As revoltas internas, as grandes extensões territoriais e a diversidade cultural contribuíram para a sua derrocada.
Em 334 a.C., Alexandre Magno, da Macedônia, invadiu a Ásia Menor e derrotou os persas nas batalhas de Granico (334 a.C.), Isso (333 a.C.) e Gaugamela (331 a.C.). Em seguida conquistou Susa e Persépolis (330 a.C.). Não conseguiu, porém, estabilizar o Império conquistado. Após sua morte, o território foi fragmentado em diversos Impérios menores.