5 de mai. de 2011

Homenagem aos Pracinhas Brasileiros.


Gen Ref José Batista de Queiroz (*)

Dia 8 de maio se comemora o Dia da Vitória. Muitos desconhecem essa data. Outros tantos esqueceram. A história dos heróis é assim: sempre esquecida. Dia 8 de maio de 1945, a Alemanha assinou a sua rendição às Forças Aliadas. Era o fim da II Guerra Mundial na Europa. Ela envolveu o mundo, o mundo inteiro. Deixou milhões e milhões de mortos, mutilados, desaparecidos.
Pela primeira vez na nossa história, o povo pediu a guerra. Queria a vingança dos 740 brasileiros mortos e dos 19 navios afundados. Em julho de 1942, o Brasil entrou na guerra. Com apenas 40 milhões de habitantes, deveria enviar para a Itália 70.000 soldados. Só conseguiu mobilizar 25.000. O armamento era obsoleto; a doutrina de combate, ultrapassada. Mesmo não tendo padrões antropométricos e sanitários adequados, o soldado vestiu o seu uniforme, pegou o seu fuzil e embarcou para a Europa, em julho de 1944. Lá, nos campos gelados da Itália, lutou contra um dos melhores soldados do mundo – o soldado alemão. O nosso pracinha mostrou o valor de nossa gente. Sem experiência de combate, adaptou-se rapidamente à guerra, num ambiente desfavorável, lutando na neve, no frio, na lama. Dentro das trincheiras, enfrentou as balas e as bombas inimigas. Para desalojar o alemão das suas posições fortificadas, atacou, incessantemente, do sopé para as alturas, com coragem e heroísmo, sem temer a morte. Mostrou que na guerra é valente e destemido. Combateu durante 239 dias, sem parar. Fez mais de 20.000 prisioneiros. Morreram 451 soldados brasileiros. Em 8 de maio de 1945, a Alemanha se rendeu. O nosso pracinha cumpriu o seu dever, honrou a sua Pátria e, na volta, foi recebido com flores e aplausos. Foi recebido como herói.
Mas hoje está esquecido. Poucos se lembram deles. Muitos desconhecem o seu heroísmo, a sua
epopeia, a sua coragem. Não lhe prestam mais homenagens. Eles foram lutar pela liberdade e muitos deixaram a sua vida nos campos da Itália. As pessoas de hoje não sabem o que é uma guerra. Desconhecem a vida nas trincheiras, o medo da noite, a incerteza da escuridão. Nunca ouviram o sibilar das balas e o rugir dos canhões. Na guerra, não se sabe onde está a vida e onde está a morte. Por isso, os nossos pracinhas são os meus heróis de verdade. Honraram as cores de nosso Pavilhão. Eles motivaram um novo Brasil. Despertaram a nossa gente para o seu futuro. Infelizmente, poucos sabem disso...
Assim é a vida dos heróis.

(*)
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.