2 de jan. de 2020

O IMPÉRIO MACEDôNICO

General Reformado José Batista de Queiroz

Membro da AHIMTB/DF

            A Macedônia era um pequeno Reino, ao norte da Grécia, localizado numa região montanhosa com pequenas planícies. Sua economia baseava-se na agricultura e na pecuária. Seus habitantes tinham vínculos históricos e culturais com os gregos, cujos costumes e idioma eram muito parecidos. Era quase um Estado grego. Atualmente, a antiga Macedônia faz parte da Grécia. Em 36 anos, esse pequeno Reino transformou-se num dos maiores e mais poderosos Impérios da Antiguidade, estendendo-se da Península Balcânica até a Índia. Sua ascensão começou em 359 a.C. com Felipe II e terminou em 323 a.C., com a morte de seu sucessor Alexandre III, o Grande. A morte de Alexandre ocasionou um vazio de poder e seus generais dividiram o Império em três Reinos. Essa fragmentação facilitou o seu domínio pelo Império Romano, nos séculos II e I a.C.

            Antes de Felipe II, seus irmãos mais velhos Alexandre II e Pérdicas III lutaram para evitar a desintegração do Reino, enfrentando a aristocracia local, os ataques de Tebas e as invasões de suas fronteiras pelos ilírios. Durante o seu reinado, Alexandre II fez uma Aliança com Tebas, o maior poder militar da época. Como garantia desse acordo, foi obrigado a entregar reféns a Tebas, incluindo seu irmão mais novo Felipe II que, durante sua estada em Tebas, estudou as táticas militares dos atenienses e tebanos, bem como as formações de combate das falanges. Em 360 a.C., retornou para a Macedônia.

Em 359 a. C., Felipe II assume o trono e tem como objetivo transformar aquele pequeno Reino num Império.  Suas primeiras providências foram no sentido de unir e fortalecer o país, consolidar o trono, restabelecer e garantir as fronteiras. Para isso, construiu estradas, cidades, fortalezas e colônias. Eliminou os adversários, reduziu o poder dos aristocratas, confiscando suas terras e distribuindo-as aos camponeses. Após consolidar o Reino, organizou um poderoso Exército, tendo como base a falange macedônica (um aperfeiçoamento da falange grega). Os soldados da falange usavam armadura, capacete e lança, medindo 5,5 metros de comprimento. Com esse Exército, a Macedônia se tornou a maior potência militar de seu tempo.

            Com o fortalecimento do Reino, Felipe II adotou uma política expansionista. Seu primeiro objetivo seria conquistar a Grécia e depois o Império Persa. Antes, porém, dominou a Trácia (rica em ouro), a Calcídica e a Tessália. Com a exploração do ouro e prata da Trácia e do monte Pangeu, o Reino se consolidou e Felipe II partiu para dominar a Grécia.  A Guerra do Peloponeso e as rivalidades entre as cidades gregas contribuíram para enfraquecer a Grécia, facilitando a sua conquista pelos macedônios. Em 338 a.C., Felipe II derrotou os exércitos de Atenas e Tebas na batalha de Queroneia.  Após dominar todas as cidades gregas, criou a Liga de Corinto, que unificava todos os Estados gregos, exceto Esparta, numa Federação sob seu comando. Inicialmente, seu objetivo era garantir a paz na Grécia. Depois, acabou transformando-se numa Aliança militar para invadir a Pérsia. Felipe II propôs, então, à Liga a guerra contra o Império Persa. Auxiliado por seu filho Alexandre III, dirigiu seu Exército para a Ásia Menor, em 337 a.C. Esta operação, porém, foi interrompida, por causa de seu assassinato por Pausânias, em 336 a.C.

            Com a morte de Felipe II, seu filho Alexandre III ou Alexandre Magno assumiu o poder em 336 a.C., aos 20 anos de idade, e deu continuidade à política expansionista de seu pai. Em 334 a.C., cruzou o helesponto, atual estreito de Dardanelos, que liga o mar Egeu ao mar de Mármara, com um exército de 48.000 soldados de infantaria, 6.000 de cavalaria e uma frota de 120 navios. A maioria das tropas era de macedônios, mas havia também soldados de outros países, como a Grécia, a Trácia e a Ilíria. Após cruzar o helesponto, derrotou os persas na batalha de Granico. Foi a primeira vitória de Alexandre contra a Pérsia. Em seguida, libertou as colônias gregas subjugadas pelos persas e assumiu o controle da Ásia Menor. Em 333 a.C., marchou para Síria e, nesse mesmo ano, em Isso, derrotou Dario III, rei da Pérsia. Derrotado, Dario III fugiu, deixando em poder de Alexandre sua esposa, suas filhas e seus tesouros. De Isso, prosseguiu para conquistar a Síria, o Líbano e a Palestina. Após cercar e conquistar a cidade de Tiro, em 332 a.C., marchou na direção do Egito. Venceu a resistência de Gaza e, em seguida, entrou no Egito, em fins de 332 a.C. Fundou Alexandria em 331 a.C.

Após conquistar o Egito, Alexandre partiu, em 331 a.C., para a Mesopotâmia (atual Iraque), onde Dario III o esperava com um exército de 100.000 homens. Mesmo tendo apenas 50.000 soldados, derrotou os persas na batalha de Gaugamela. Essa vitória representou o fim do Império Persa e abriu o caminho de Alexandre para o Oriente. Ainda em 331 a. C., conquistou Babilônia, (capital do Império Persa) e as cidades de Susa e Persépolis. Em 327 a. C., marchou na direção da Índia. Nessa sua jornada pela Ásia Central, fundou várias cidades no Afeganistão e Tajiquistão e, em 326 a.C., invadiu a Índia. Penetrou até o rio Hidaspes, onde derrotou o rei Poro na Batalha de Hidaspes, em 326 a.C. Nessa região fundou a cidade de Bucéfala, em homenagem ao seu cavalo, morto na batalha. As tropas de Alexandre estavam cansadas e queriam voltar para casa. Na viagem de retorno, Alexandre morreu em Babilônia, no palácio do rei Nabucodonosor, em 323 a.C. Como não tinha sucessor, seu Império foi dividido entre seus comandantes em três Reinos: o do Egito, o da Mesopotâmia e Ásia Central e o da Macedônia e Grécia. Estes Reinos começaram a lutar entre si até serem dominados pelo Império Romano.

            A transformação do Reino macedônico em um grande Império se deve a Felipe II e a seu filho Alexandre, o Grande. Felipe II reorganizou o Reino, consolidou o poder, criou um exército eficiente e bem treinado. Com essa máquina de guerra, conquistou a Grécia, iniciando a expansão do Reino. Seu filho Alexandre deu continuidade a essa expansão, conquistando terras pelo mundo afora. Tinha na alma a sensibilidade militar e nas veias a coragem e a ousadia. O maior legado desse Império foi o helenismo, a expansão da língua e da cultura gregas no Oriente, principalmente na Pérsia e no Egito. Alexandria transformou-se no maior centro comercial e cultural da Antiguidade, suplantando Atenas. Essa expansão da cultura grega acarretou o florescimento, no Oriente, das artes, da ciência e da filosofia. Outro grande legado de Alexandre foi o rompimento das fronteiras, estimulando as trocas comerciais entre o Ocidente e o Oriente. A Antiguidade foi o tempo dos grandes Impérios.