5 de jan. de 2020

IMPÉRIO PERSA

General José Batista de Queiroz

Membro da AHIMTB/DF

O Império Persa, também denominado Império Aquemênida, foi fundado por Ciro, o Grande, em 550 a. C., após derrotar os medos e tornar-se Rei da Pérsia e da Média. Conquistou depois os Reinos da Lídia, da Babilônia e as colônias gregas da Ásia Menor. Ao morrer, havia construído um imenso Império, que se estendia das montanhas do Afeganistão até o rio Indo, nas margens do Mediterrâneo. Esses territórios foram ampliados pelos governos posteriores. O Império Persa durou até 330 a.C. (220 anos), quando foi conquistado por Alexandre Magno, da Macedônia. Foi o maior Império do Oriente Antigo, abrangendo territórios da Europa, da Ásia e da África. Ao atingir a sua extensão máxima tinha oito milhões de quilômetros quadrados (quase a mesma dimensão do Brasil) e uma população estimada em 50 milhões de habitantes, correspondendo a 44% da população mundial da época. Foi um Império de gestão moderna, como o da Alemanha e o da França de Napoleão, servindo de modelo para os gregos e romanos, em seus aspectos de governança. Era constituído de várias Províncias (Satrapias), independentes em costumes, leis, religião e cultura.

            A origem do Império Persa está no Irã. Por volta do ano 1.000 a.C., dois povos distintos se estabeleceram no planalto iraniano. Esses povos fundaram dois Reinos independentes: o da Média, ao norte, e o da Pérsia ao sul. Os medos se tornaram o grupo dominante. Conquistaram a Pérsia e incorporaram o seu território, passando a cobrar impostos. No ano 558 a.C., Ciro, de origem meda (seu avô foi rei da Média), ascendeu ao trono da Pérsia e organizou um movimento de resistência aos medos. Em 550 a.C., derrotou esses povos e fundou o Império Persa. Após dominar toda a região do Irã, Ciro subjugou o Reino da Lídia (provavelmente no ano 547 a.C.), depois o da Babilônia, em 539 a.C. e ainda capturou todas as cidades gregas da Ásia Menor. A Lídia corresponde à Anatólia, uma porção ocidental da antiga Ásia Menor (Turquia). É banhada pelo mar Negro, mar de Mármara e mar Egeu. Após ser conquistada por Ciro, tornou-se Província (Satrapia) do Império Persa. A Babilônia fica na região da Mesopotâmia, abrangendo os vales do Tigre e do Eufrates. Corresponde à maior parte dos atuais territórios do Iraque e Kwait, além de partes da Síria. A última campanha militar de Ciro foi contra os Massagetas, uma tribo de nômades que vivia na Ásia Central. Morreu durante essa campanha, em 530 a.C., e deixou, como legado, um dos maiores Impérios do mundo.

            Cambises, filho e sucessor de Ciro, deu continuidade à política de expansão, conquistando o Reino do Egito em 525 a.C., na batalha de Pelusa. Enquanto seu pai é lembrado por sua generosidade com os inimigos, poupando-lhes a vida, Cambises é lembrado como um tirano, de comportamento rancoroso, agressivo e temperamental Do Egito, marchou para conquistar Cartago, mas foi obrigado a voltar devido ao calor escaldante e insuportável do deserto. Deixou o Egito e faleceu durante o seu retorno à Pérsia, em 522 a.C.

            Dario, primo de Cambises, assumiu o trono em 522 a.C. e iniciou uma nova fase na história da Pérsia. Deu continuidade à política expansionista de Ciro, conquistando a Trácia (atual Bulgária), a Macedônia e territórios na Índia. Durante o seu governo, o Império atingiu o seu apogeu. Tinha grande capacidade administrativa e política. Além de expandir o Império, organizou o território, dividindo-o em 20 Províncias (Satrapias), governadas por líder provinciano (sátrapa), escolhido pelo rei. Organizou também um serviço de espionagem para fiscalizar os sátrapas. Instituiu um sistema monetário de moeda única (o dárico), cunhada em ouro ou prata, para facilitar o comércio entre as Províncias. Adotou o aramaico, herdado dos assírios, como idioma usado nas comunicações oficiais. Instituiu projetos de construção nas cidades de Susa, Parságada, Persépolis e Babilônia.  Implantou ainda um eficiente sistema de estradas, ligando as Províncias ao centro administrativo do Império, com destaque para a estrada que ligava Sardes a Susa, com 2.400 km de extensão. Essas estradas facilitavam a mobilidade das tropas e permitia organizar um sistema de correios a cavalo, com pontos de apoio.

            A sustentação do luxo do Rei e das elites, seus palácios, haréns e banquetes, recaía sobre o povo. A cobrança de impostos causava descontentamento. No período 499-493 a.C., houve várias revoltas nas regiões dominadas pelos persas, por causa desses impostos, com destaque para as colônias gregas localizadas no litoral da atual Turquia. Dario debelou essas revoltas e jurou punir as cidades gregas de Atenas e Erétria, por seu apoio aos rebeldes, iniciando a Primeira Guerra Greco-Pérsica. Invadiu a Grécia, mas foi derrotado na batalha de Maratona (490 a.C.). A partir dessa derrota, aumentaram-se as revoltas e o Império teve dificuldade em controlar seus domínios.

            Dario escolheu seu filho Xerxes para sucedê-lo, apesar de não ser o primogênito. Assumiu o trono após a morte de seu pai, em 486 a.C., e governou o império até 465 a.C., data de seu assassinato. Xerxes enfrentou também revoltas internas, mas sua obsessão era vingar a derrota de seu pai contra os gregos. Decidiu conquistar a Grécia, iniciando a segunda Guerra Greco-Pérsica. Derrotou os gregos em Termópilas (480 a.C.) e invadiu Atenas, incendiando a cidade e arrasando os santuários da Acrópole.  Foi, porém, derrotado na batalha naval de Salamina (480 a.C. Com essa derrota, o Império entrou em decadência. As revoltas internas, as grandes extensões territoriais e a diversidade cultural contribuíram para a sua derrocada.

Em 334 a.C., Alexandre Magno, da Macedônia, invadiu a Ásia Menor e derrotou os persas nas batalhas de Granico (334 a.C.), Isso (333 a.C.) e Gaugamela (331 a.C.). Em seguida conquistou Susa e Persépolis (330 a.C.). Não conseguiu, porém, estabilizar o Império conquistado. Após sua morte, o território foi fragmentado em diversos Impérios menores.

2 de jan. de 2020

O IMPÉRIO MACEDôNICO

General Reformado José Batista de Queiroz

Membro da AHIMTB/DF

            A Macedônia era um pequeno Reino, ao norte da Grécia, localizado numa região montanhosa com pequenas planícies. Sua economia baseava-se na agricultura e na pecuária. Seus habitantes tinham vínculos históricos e culturais com os gregos, cujos costumes e idioma eram muito parecidos. Era quase um Estado grego. Atualmente, a antiga Macedônia faz parte da Grécia. Em 36 anos, esse pequeno Reino transformou-se num dos maiores e mais poderosos Impérios da Antiguidade, estendendo-se da Península Balcânica até a Índia. Sua ascensão começou em 359 a.C. com Felipe II e terminou em 323 a.C., com a morte de seu sucessor Alexandre III, o Grande. A morte de Alexandre ocasionou um vazio de poder e seus generais dividiram o Império em três Reinos. Essa fragmentação facilitou o seu domínio pelo Império Romano, nos séculos II e I a.C.

            Antes de Felipe II, seus irmãos mais velhos Alexandre II e Pérdicas III lutaram para evitar a desintegração do Reino, enfrentando a aristocracia local, os ataques de Tebas e as invasões de suas fronteiras pelos ilírios. Durante o seu reinado, Alexandre II fez uma Aliança com Tebas, o maior poder militar da época. Como garantia desse acordo, foi obrigado a entregar reféns a Tebas, incluindo seu irmão mais novo Felipe II que, durante sua estada em Tebas, estudou as táticas militares dos atenienses e tebanos, bem como as formações de combate das falanges. Em 360 a.C., retornou para a Macedônia.

Em 359 a. C., Felipe II assume o trono e tem como objetivo transformar aquele pequeno Reino num Império.  Suas primeiras providências foram no sentido de unir e fortalecer o país, consolidar o trono, restabelecer e garantir as fronteiras. Para isso, construiu estradas, cidades, fortalezas e colônias. Eliminou os adversários, reduziu o poder dos aristocratas, confiscando suas terras e distribuindo-as aos camponeses. Após consolidar o Reino, organizou um poderoso Exército, tendo como base a falange macedônica (um aperfeiçoamento da falange grega). Os soldados da falange usavam armadura, capacete e lança, medindo 5,5 metros de comprimento. Com esse Exército, a Macedônia se tornou a maior potência militar de seu tempo.

            Com o fortalecimento do Reino, Felipe II adotou uma política expansionista. Seu primeiro objetivo seria conquistar a Grécia e depois o Império Persa. Antes, porém, dominou a Trácia (rica em ouro), a Calcídica e a Tessália. Com a exploração do ouro e prata da Trácia e do monte Pangeu, o Reino se consolidou e Felipe II partiu para dominar a Grécia.  A Guerra do Peloponeso e as rivalidades entre as cidades gregas contribuíram para enfraquecer a Grécia, facilitando a sua conquista pelos macedônios. Em 338 a.C., Felipe II derrotou os exércitos de Atenas e Tebas na batalha de Queroneia.  Após dominar todas as cidades gregas, criou a Liga de Corinto, que unificava todos os Estados gregos, exceto Esparta, numa Federação sob seu comando. Inicialmente, seu objetivo era garantir a paz na Grécia. Depois, acabou transformando-se numa Aliança militar para invadir a Pérsia. Felipe II propôs, então, à Liga a guerra contra o Império Persa. Auxiliado por seu filho Alexandre III, dirigiu seu Exército para a Ásia Menor, em 337 a.C. Esta operação, porém, foi interrompida, por causa de seu assassinato por Pausânias, em 336 a.C.

            Com a morte de Felipe II, seu filho Alexandre III ou Alexandre Magno assumiu o poder em 336 a.C., aos 20 anos de idade, e deu continuidade à política expansionista de seu pai. Em 334 a.C., cruzou o helesponto, atual estreito de Dardanelos, que liga o mar Egeu ao mar de Mármara, com um exército de 48.000 soldados de infantaria, 6.000 de cavalaria e uma frota de 120 navios. A maioria das tropas era de macedônios, mas havia também soldados de outros países, como a Grécia, a Trácia e a Ilíria. Após cruzar o helesponto, derrotou os persas na batalha de Granico. Foi a primeira vitória de Alexandre contra a Pérsia. Em seguida, libertou as colônias gregas subjugadas pelos persas e assumiu o controle da Ásia Menor. Em 333 a.C., marchou para Síria e, nesse mesmo ano, em Isso, derrotou Dario III, rei da Pérsia. Derrotado, Dario III fugiu, deixando em poder de Alexandre sua esposa, suas filhas e seus tesouros. De Isso, prosseguiu para conquistar a Síria, o Líbano e a Palestina. Após cercar e conquistar a cidade de Tiro, em 332 a.C., marchou na direção do Egito. Venceu a resistência de Gaza e, em seguida, entrou no Egito, em fins de 332 a.C. Fundou Alexandria em 331 a.C.

Após conquistar o Egito, Alexandre partiu, em 331 a.C., para a Mesopotâmia (atual Iraque), onde Dario III o esperava com um exército de 100.000 homens. Mesmo tendo apenas 50.000 soldados, derrotou os persas na batalha de Gaugamela. Essa vitória representou o fim do Império Persa e abriu o caminho de Alexandre para o Oriente. Ainda em 331 a. C., conquistou Babilônia, (capital do Império Persa) e as cidades de Susa e Persépolis. Em 327 a. C., marchou na direção da Índia. Nessa sua jornada pela Ásia Central, fundou várias cidades no Afeganistão e Tajiquistão e, em 326 a.C., invadiu a Índia. Penetrou até o rio Hidaspes, onde derrotou o rei Poro na Batalha de Hidaspes, em 326 a.C. Nessa região fundou a cidade de Bucéfala, em homenagem ao seu cavalo, morto na batalha. As tropas de Alexandre estavam cansadas e queriam voltar para casa. Na viagem de retorno, Alexandre morreu em Babilônia, no palácio do rei Nabucodonosor, em 323 a.C. Como não tinha sucessor, seu Império foi dividido entre seus comandantes em três Reinos: o do Egito, o da Mesopotâmia e Ásia Central e o da Macedônia e Grécia. Estes Reinos começaram a lutar entre si até serem dominados pelo Império Romano.

            A transformação do Reino macedônico em um grande Império se deve a Felipe II e a seu filho Alexandre, o Grande. Felipe II reorganizou o Reino, consolidou o poder, criou um exército eficiente e bem treinado. Com essa máquina de guerra, conquistou a Grécia, iniciando a expansão do Reino. Seu filho Alexandre deu continuidade a essa expansão, conquistando terras pelo mundo afora. Tinha na alma a sensibilidade militar e nas veias a coragem e a ousadia. O maior legado desse Império foi o helenismo, a expansão da língua e da cultura gregas no Oriente, principalmente na Pérsia e no Egito. Alexandria transformou-se no maior centro comercial e cultural da Antiguidade, suplantando Atenas. Essa expansão da cultura grega acarretou o florescimento, no Oriente, das artes, da ciência e da filosofia. Outro grande legado de Alexandre foi o rompimento das fronteiras, estimulando as trocas comerciais entre o Ocidente e o Oriente. A Antiguidade foi o tempo dos grandes Impérios.