19 de nov. de 2017

DE ONDE VENHO ....

Venho de uma terra,

onde nos campos canta a seriema,

nas capoeiras pia o inhambu,

onde as montanhas são onduladas,

os vales cobertos de névoas.

 

Venho de uma terra,

onde o céu é mais azul,

o sol mais radiante,

a noite mais fagueira,

a lua mais graciosa.

 

Venho de uma terra,

onde a aurora é mais bela,

o crepúsculo mais dourado,

o arco-íris mais colorido,

os passarinhos mais cantantes.


Venho de uma terra,

dos doces e das quitandas,

do queijo com goiabada,

do berrante e das boiadas,

dos tropeiros nas estradas.


Venho de uma terra,

onde a dança é a catira,

o violão é a viola,

o fandango é o pagode,

a bebida é a pinga.


Venho de uma terra,

onde o povo diz uai e sô,

a prosa tem seu lugar,

as igrejas são centenárias,

as orações cheias de fé.


Venho de uma terra,

onde nasceu o paraíso,

onde o mar quis morar,

onde o céu tem estrelas,

a vida felicidade.


Eu venho das Minas Gerais,

uma terra sagrada,

                                que levo para onde vou,

dentro da alma  e do coração.


   José Batista de Queiroz

29 de out. de 2017

MEU SONHO...

Meu sonho é ser

A brisa que acaricia seu rosto,

O vento que solta seus cabelos,

O mar que molha seu corpo,

A água que banha seus pés.

Meu sonho é ser

A luz que brilha em seus olhos,

O sol que queima a sua pele,

A lua que ilumina o seu sorriso.

A flor que perfuma a sua alma.

 

Meu sonho é ser

O jardim que você vê,

A rosa que você colhe,

O corpo que você toca,

A relva que você pisa.

                  Meu sonho é ser

O perfume que você usa,

A pétala que você beija,

A música que você ouve,

A oração que você reza.

 

Meu sonho é ser

Um pingo de orvalho em suas mãos,

Um raio de luar em seus olhos,

Um grão de areia em seus pés,

Um instante de vida em sua vida.

 

Meu sonho é ser

Um sorriso em seus lábios,

Um sonho em seus sonhos,

Um amor em seu coração,

Uma eternidade em sua vida.

 

                         Meu sonho é ter a sua beleza, a sua meiguice, o seu coração, a sua alma.

Meu sonho é ser apenas um pedacinho de você, para sempre.

 

 

José Batista de Queiroz

8 de ago. de 2017

DE ONDE VENHO

Venho de uma terra,

onde nos campos canta a seriema,

nas capoeiras pia o inhambu,

onde as montanhas são onduladas,

os vales cobertos de névoas.               

 

Venho de uma terra,

onde o céu é mais azul,

o sol mais radiante,

a noite mais fagueira,

a lua mais graciosa.

 

Venho de uma terra,

onde a aurora é mais bela,

o crepúsculo mais dourado,

o arco-íris mais colorido,

os passarinhos mais cantantes.


Venho de uma terra,

dos doces e das quitandas,

do queijo com goiabada,

do berrante e das boiadas,

dos tropeiros nas estradas.


Venho de uma terra,

onde a dança é a catira,

o violão é a viola,

o fandango é o pagode,

a bebida é a pinga.


Venho de uma terra,

onde o povo diz uai e sô,

a prosa tem seu lugar,

as igrejas são centenárias,

as orações cheias de fé.


Venho de uma terra,

onde nasceu o paraíso,

onde o mar quis morar,

onde o céu tem estrelas,

a vida felicidade.


Eu venho das Minas Gerais,

uma terra sagrada,

que levo para onde vou,

dentro da alma  e do coração.

 

José Batista de Queiroz

10 de fev. de 2017

JENIPAPO


(A Batalha da Unidade Nacional)


General José Batista de Queiroz (*)


A Batalha de Jenipapo foi travada em 1823, entre piauienses e cearenses de um lado e portugueses do outro. Ocorreu às margens do riacho do mesmo nome, no município de Campo Maior-PI. Foi a mais violenta batalha ocorrida no processo de Independência, tendo sido decisiva para a manutenção da unidade nacional. Evitou que Portugal mantivesse, após o Grito do Ipiranga, uma colônia portuguesa no norte do Brasil. Essa batalha foi travada entre soldados e sertanejos, entre instrumentos de guerra e instrumentos de trabalho, entre o desejo de subjugar e o ideal de liberdade. Os piauienses perderam a batalha sob o aspecto tático, mas ganharam a guerra sob o ponto de vista estratégico. Sua valentia e coragem abalaram o poder militar de Portugal na região, obrigando seus soldados a se renderem, acabando com o sonho português de uma colônia no Brasil.

 O Grito do Ipiranga (7-9-1822) não ecoou em todo o Brasil. Algumas províncias do norte mantiveram fidelidade à metrópole. O Piauí, porém, era o centro das ideias libertadoras. Portugal nunca deu grande importância a essa região. A Capitania de São José do Piauí só foi criada em 1715 e, até 1822, não dispunha de nenhuma escola de ensino regular. A economia, entretanto, estava em franca expansão, tendo como principais produtos o gado e o algodão. Cerca de 30.000 cabeças de gado eram abatidas anualmente para abastecer os mercados do Maranhão, Ceará e da Bahia. Quase metade da renda bruta das fazendas abastecia os cofres portugueses.  Com a proclamação da Independência, Dom João VI voltou suas atenções para o norte da ex-colônia, onde desejava manter um pedaço geográfico sob seu domínio. Para isso, enviou para Oeiras, então capital do Piauí, o Major João José da Cunha Fidié, com a missão de sufocar levantes e manter a região como colônia portuguesa.  Fidié era um soldado experiente. Tinha lutado contra as forças de Napoleão. Foi nomeado Comandante das Armas no Piauí, aonde chegou em 1822.

A 19-10-1822, Parnaíba (parte mais rica da Província do Piauí) aprova, por meio da Câmara Provincial, sua adesão à Independência do Brasil. A 13-11-1822, Fidié parte com suas tropas (cerca de 1.600 homens) para aquela cidade, a 600 km de Oeiras, com o objetivo de sufocar o levante, prender revoltosos e restabelecer o domínio lusitano. Ao chegar a Parnaíba, em 18-12-1822, os líderes já haviam se refugiado no Ceará. Enquanto isso, em Oeiras, Manoel de Sousa Martins, futuro Visconde de Parnaíba, declara a adesão do Piauí à Independência, em 24-1-1823, e assume a Junta de Governo. Fidié decide, então, retornar a Oeiras, deixando uma pequena força em Parnaíba. A 5-3-1823, Leonardo de Carvalho Castelo Branco proclamou a adesão de Campo Maior à Independência. A cidade era ponto de passagem das tropas de Fidié, em seu retorno. A população decidiu barrar essa passagem. Caso Fidié chegasse a Oeiras, o sonho português de consolidar uma colônia no Brasil poderia ser viabilizado. A 12-3-1823, o Capitão Luiz Rodrigues Chaves convoca a população de Campo Maior a juntar-se aos 500 cearenses já arregimentados, conseguindo reunir 2.000 homens. A missão era barrar, nas margens do riacho Jenipapo, o deslocamento das tropas de Fidié para Oeiras. Embora os patriotas estivessem em superioridade numérica, o combate seria desigual. Os portugueses dispunham de homens adestrados, armamento, munição, infantaria, cavalaria e artilharia (11 canhões). Os piauienses e cearenses não tinham nenhum adestramento militar. Eram agricultores, roceiros, vaqueiros, gente simples do sertão. Partiram para o combate, armados apenas de facões, chuços, machados, foices, facas, paus e pedras. Eram movidos pelo ideal de libertar-se do domínio português. A 12-3-1823, Fidié chega às margens do Jenipapo. Às 09:00 horas do dia seguinte tem início o combate, que dura até as 14:00 horas, com a derrota e a retirada dos patriotas. Foi uma batalha sangrenta, com combate corpo a corpo, entre facões e baionetas, entre pedras e canhões.  Os patriotas tiveram 542 homens aprisionados e 200 vítimas. Ao término do combate, os soldados portugueses estavam exaustos. Foi uma luta violenta sob um sol escaldante. Não tinham força física para perseguir os retirantes, cuja valentia, coragem e espírito de luta amedrontaram os adversários e minaram a sua vontade de lutar. Terminado o combate, Fidié acampou em Campo Maior por alguns dias. Os patriotas realizaram um ataque de surpresa a esse acampamento, apoderando-se de armamento e munição. Essa ação afetou ainda mais o moral dos portugueses. A 16-3-1823, Fidié partiu para Estanhado, hoje União, onde mudou de planos. Ao invés de ir para Oeiras, decidiu refugiar-se em Caxias-MA, motivado pela resistência em Oeiras e pelo baixo moral de sua tropa. Em Caxias, muitos soldados desertaram. Os "independentes" organizaram uma força de 6.000 homens, formada por cearenses, piauienses e maranhenses para prender Fidié. Após um cerco de 15 dias, os portugueses se renderam em 31-7-1823. A 6-8-1823 foi proclamada a independência do Maranhão, Piauí e Ceará. Fidié foi levado para Oeiras e depois para o Rio de Janeiro, de onde foi extraditado para Portugal.

A Batalha de Jenipapo ajudou a garantir a unidade nacional e pôs fim à esperança portuguesa de uma colônia no norte do Brasil. Ela retrata a coragem e o patriotismo do piauiense. Foi a maior e a mais violenta batalha na luta pela Independência, na qual ocorreram degolas em ambas as partes. Não consta dos livros didáticos e nem é estudada no ensino fundamental e médio. A Assembleia Legislativa do Piauí aprovou, em 2005, a inclusão da data de 13-3-1823 na bandeira do estado. Em homenagem aos valorosos piauienses, o Exército brasileiro deu denominações históricas a unidades militares com o nome de "Batalhão Heróis de Jenipapo" (2º BEC), "Batalhão Alferes Leonardo de Carvalho Castelo Branco" (25º BC) e "Batalhão Visconde de Parnaíba" (3º BEC). A data de 13-3-1823 foi "o dia em que uma causa foi mais importante que uma arma".


(*) Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil

SAUDADE DE GRANADEIRO

Se a primavera é a estação mais alegre do tempo, hoje é o dia mais saudoso do ano. Mais uma vez aqui estamos reunidos, de coração umedecido de saudades, para juntos celebrarmos a união indissolúvel de homens que vestiram, no passado, o uniforme garboso do Batalhão da Guarda Presidencial. Mais uma vez, vamos palmilhar a estrada do tempo que nos leva ao passado, em busca daqueles momentos que tanto marcaram nossas vidas, e deixaram fortes lembranças enclausuradas em nossos corações. Hoje, vamos acordar as saudades adormecidas e repartir as alegrias esvoaçantes, que estão penduradas dentro de nós.

                Quando ainda viviam o tempo doce de suas vidas, o dever os levou pra longe, longe de seus pais, de seus amores, de sua terra natal, rumo a Brasília, uma cidade que nascia resplandecente no coração do Brasil. O ponto de encontro de todos vocês foi o BGP, um Batalhão que deixou registrados, nos seus pensamentos, dias de saudade, uma saudade brejeira que, até hoje, continua viva, flutuando na alma de cada um.

                Vocês se tornaram granadeiros e granadeiro é aquele que já traz dentro de si uma semente de amor ao Exército e ao Brasil, um amor em constante ebulição, iluminado e prateado por raios de sol. Assim são vocês e assim serão pela estrada do tempo, porque o peito de um granadeiro é a morada segura da virtude de um soldado. Seus exemplos são como raios luminosos, que irrigam e atravessam gerações, deixando sulcos na memória do tempo. Ser granadeiro é ter o espírito colorido de verde-amarelo, é ser um brasileiro de alma e coração, é viver um sonho para sempre.

                Hoje, os corações aqui presentes têm cheiro de lembranças, lembrança do passo vagaroso do tempo, em que os acordes de um clarim interrompiam o sono repousante de vocês, anunciando o nascer de mais uma aurora. Era mais um dia de saudades, saudade do lar aconchegante, dos rostos suaves, dos momentos alegres, dos anos que não voltam mais. Era uma saudade que exprimia o peito e torturava a alma.

                Vocês jamais se esquecerão das horas de sentinela, dentro ou fora de uma guarita, ouvindo o silêncio da noite, observando o céu semeado de estrelas, vendo a lua prateando a relva, ouvindo o vento rumorejando nas árvores, sentindo os ardores de um sol a pino, vendo o manto azul salpicado de nuvens brancas, contemplando o sol a beijar as serranias e o dia se afogar na noite. Eram momentos de meditação, de sono, de cansaço, de saudade. Como era lento o passo das madrugadas! Como seria bom se fosse possível acelerar o tempo! Mesmo na adversidade, você, granadeiro, pode ser comparado àquilo que, na memória dos homens, existe de mais heroico, de mais valente, de mais soldado.

                Até hoje, vocês carregam as lembranças daquelas noites melancólicas passadas nos alojamentos, enfrentando uma epidemia de saudade e tristeza. Naquele tempo já empoeirado, mantinham acesa a esperança de retornar ao torrão natal e abraçar a família, os amigos e os amores. E hoje aqui estão e ainda guardam no peito as lembranças de uma vida de soldado e ainda cantam as canções militares que o tempo não apagou. O tempo não faz com as lembranças o mesmo que o vento faz com a poeira.  Hoje, podemos dar as mãos e cantar as canções alegres que, no passado, empolgaram a nossa alma de soldado, porque somos todos frutos da mesma árvore.

                A saudade é um das palavras mais bonitas do dicionário e a emoção mais doce de nossa alma. Vamos em frente, granadeiros, porque os dias futuros nos aguardam, para nos saudar com mais alegrias, mais emoções, mais saudades. Ser granadeiro é ser a lembrança e o parceiro do tempo. O tempo caminha e nós caminhamos com ele. Obrigado Ibitinga, por nos acolher em seu regaço. Obrigado João Carlos, por nos proporcionar momentos alegres e saudosos como as primaveras. Obrigado Deus, por mais este encontro com a saudade.


General José Batista de Queiroz

 

 

Ibitinga, 26/3/2016