José B. Queiroz – jobaque@gmail.com
Desde 1917, o mundo viveu entre a democracia e o comunismo. Eram duas ideologias assimétricas. A coluna vertebral de uma era a liberdade e da outra, o absolutismo. Após a II Guerra Mundial, o comunismo ganhou fôlego e se alastrou pelo mundo, como se fosse uma epidemia. A visão marxista da igualdade tinha a marca do cavaleiro, descendo das nuvens. Contagiava os povos como os ideais contagiam os jovens.
O tempo, porém, mostrou que o marxismo não passava de um sonho. A realidade estava mais para lágrimas do que para sorrisos. O desenvolvimento não soltava suas âncoras. Parecia um navio encalhado no mar. A igualdade, cujo ideal era subir o morro, estava descendo a ladeira. Deixou de ser um sol brilhante em céu azul para se tornar uma estrela fosca em noite escura. O cavaleiro da esperança acabou se transformando no dragão da maldade.
Enquanto o comunismo definhava na enfermaria, a democracia ganhava musculatura. Deixava de ser um nome para se tornar um bem. Deixava de ser uma estátua para se transformar num ideal. O capitalismo oferecia melhores condições de vida. A crítica abria caminhos para os avanços sociais e a correção de injustiças. As democracias tradicionais avançaram na qualidade de vida aos cidadãos. Alguns países pobres também conseguiram avanços. Outros, porém, mostraram-se lentos em aperfeiçoar a democracia. Mantinham uma estrutura sócio-econômica arcaica e injusta. Mesmo assim conseguiam preservar algumas tonalidades democráticas em suas instituições. Outros países, porém, com instituições fracas, tornaram-se escravos da corrupção, caindo sob o domínio de caudilhos e ditadores.
Nos anos 80, o comunismo entrou em falência. Não tinha condições de competir com o capitalismo moderno. A democracia apresentou-se mais ágil na direção do social e do bem-estar das pessoas. A Rússia, como centro de referência do comunismo, abandonou seu caminho, migrando para a democracia. Muitos outros países fizeram o mesmo. Alguns ditadores de esquerda não sabem ainda que comunismo já teve o seu funeral. Apoderaram do Estado e impuseram suas leis e ideologias. O seu fim, porém, não está longe. No mundo atual não há mais espaço para ditadores. As democracias se afastam dos extremos ideológicos e se aglutinam no centro, com tonalidades diferentes. Nos países do terceiro mundo, a esquerda, em suas múltiplas faces e correntes, ganham espaço. Sua política social, voltada para os pobres, alavanca êxitos eleitorais. O socialismo é o ponto de encontro de todas as correntes de esquerda e também a idéia-força para a conquista do poder. O comunismo morreu, mas está ressuscitando sob a roupagem do socialismo. Esta nova esquerda apoderou-se do cajado da democracia e das bandeiras sociais. Até os Estados Unidos, como centro irradiador dos ideais democráticos, estão apoiando governos de esquerda. Os democratas precisam ser refrigerados com novas idéias, para que a democracia mostre o seu valor e o povo acredite nela.