14 de dez. de 2010

O COMÉRCIO DAS DROGAS

José Batista. Queiroz (*)

O consumo anual de drogas (cocaína, maconha e crack) no Rio de Janeiro está em torno de 100 mil toneladas. O faturamento ultrapassa R$600 milhões e o lucro operacional chega a mais de 40% do faturamento. Não há nenhum negócio mais lucrativo do que esse comércio. Ele tende a crescer, porque a demanda está aquecida e não para de aumentar. A droga é um comércio onde há oferta e demanda. A demanda é determinada pelos usuários, que precisam do produto para satisfazer o vício. Se há demanda, haverá sempre um fornecedor. As favelas ou áreas residenciais carentes, localizadas nas periferias dos grandes centros, representam o local mais seguro e adequado para a estocagem e a distribuição do produto. A expulsão dos traficantes dessas áreas ou a sua prisão não elimina ou impede o consumo. Aparecerão sempre outros fornecedores em outros locais. Quando se desencadeia uma operação de combate ao tráfico, como a que ocorreu no Rio de Janeiro, os traficantes mudam de endereço ou de nomes.
O comércio das drogas apresenta dois vetores: o tráfico e o consumo. Um não existe sem o outro. Se o poder público realmente estiver interessado em combater as drogas, deve atuar nesses dois vetores. Não adianta combater o tráfico se o consumo continua o mesmo. É preciso ter um programa de prevenção, que seja sistemático e abrangente, capaz de construir nas mentes das crianças, dos adolescentes e dos jovens uma forte barreira contra o uso das drogas. Não é por meio de palestras ocasionais nas escolas e universidades que se mudará a atitude das pessoas diante dessa problemática. O poder público precisa ser mais contundente e eficiente na prevenção. Atuando de forma ampla, em todos os níveis de poder, o governo poderá reduzir ou, no mínimo estabilizar, esse comércio, tão prejudicial à saúde das pessoas e da sociedade. Não se pode combater as drogas sem vontade política. Para lograr êxito, precisa-se transformar essa luta em objetivo nacional a ser perseguido dia e noite, incansavelmente. O governo conhece as causas que levam as pessoas ao uso das drogas. O que tem a fazer é atuar nessas causas, com vontade, vigor e determinação. Também sabe por onde elas entram no país. Entram pelas fronteiras, principalmente por via terrestre. Não se combatem as drogas apenas com operações policiais. Elas são importantes para desmantelar os quartéis-generais do tráfico, mas não suficientes para reduzir o consumo. O combate às drogas é uma luta difícil, mas precisa ser iniciada e continuada. Não se tem êxito, quando não se tem vontade de lutar e vencer.

(*) Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil

21 de nov. de 2010

QUANTOS ANOS PASSARÃO...

 Quantos anos passarão até que os políticos brasileiros sejam pessoas honestas e confiáveis, que trabalhem pelo
 bem do Brasil?!
  ... até que os políticos deixem de ter mordomias e tenham espírito público e de servidão?!
  ... até que os homens públicos deixem de prevaricar e de roubar, de usar o cargo para benefícios pessoais?!
  ... até que a ética e a honestidade sejam valores seletivos na escolha de dirigentes e representantes?!
  ... até que os crimes de colarinho branco sejam punidos pela justiça e os criminosos cumpram suas penas na prisão?!  
 Quantos anos passarão até que a educação básica e profissionalizante seja considerada viga mestra
desenvolvimento?!
  ... até que a saúde saia da UTI e tenha padrões da qualidade e ninguém morra na porta dos hospitais?!
  ... até que a desigualdade social e a pobreza absoluta sejam reduzidas a níveis que não mais envergonhem o Brasil?!
  ... até que a democracia brasileira deixe de ser formal e seja efetiva, deixe de ser sonho e seja realidade?!
  ... até que os poderes da República sejam realmente harmônicos e independentes e o Presidente deixe de escolher e nomear os Ministros dos Tribunais Superiores?!
  ... até que a ideologia prevalecente no Brasil tenha como âncoras a democracia e a liberdade?!
Quantos anos passarão até que os partidos políticos não se misturem e tenham identidade própria e programas
diferenciados?!
  ... até que as pessoas não vivam mais aprisionadas em suas casas e andem com segurança nas vias públicas?!
  ... até que os cargos públicos sejam preenchidos por funcionários de carreira e não por apadrinhados políticos?!
  ... até que a carga tributária seja reduzida a níveis suportáveis pela população brasileira?!
  ... até que os salários pagos pelos governos federal e estadual não tenham distorções, que violentem os princípios de isonomia e justiça?!
  ... até que as ascensões funcionais no serviço público se baseiem no princípio do mérito e não na cor da ideologia ou do partido político do funcionário?!
  ... até que o nepotismo será extinto para sempre no Brasil?!
Quantos anos passarão até que os velhos caciques políticos permitam a renovação das representações
legislativas, acabando com o coronelismo e o continuísmo e as eleições possam trazer esperança de mudança para
o povo?!
  ... até que as mulheres tenham representatividade no Legislativo, compatível com a sua importância no contexto eleitoral?!
 A resposta a tudo isto está na vontade do eleitor, está nas urnas...

31 de out. de 2010

PROMESSAS DE DILMA

 
O Correio Braziliense de 31 de outubro de 2010 publicou as seguintes promessas de Dilma.

1)      SAÚDE

·         Construção de 500 Unidades de Pronto Atendimento

·         Aperfeiçoamento do SUS

·         Oferta gratuita de remédios contra a hipertensão e o diabetes.

2)      EDUCAÇÃO

·         Construção de 6 mil creches e 10 mil quadras poliesportivas

·         Construção de uma escola técnica em todas as cidades com mais de 50 mil habitantes

·         Criação do piso nacional para professores

·         Ampliação das Instituições Federais de Educação Tecnológica.

3)      SEGURANÇA PÚBLICA

·         Integrar as polícias estaduais em programa de capacitação

·         Implementar os Territórios de Paz e as Unidades de Policiamento Pacificador.

4)      INFRAESTRUTURA

·         Implementar o PAC 2

·         Eliminar os gargalos nos transportes ferroviário e rodoviário, nos portos, nos aeroportos e nas condições de armazenagem

·         Atenção à infraestrutura urbana, com saneamento, transporte e habitação.

5)      POLÍTICA EXTERNA

·         Fidelidade aos princípios de não intervenção, de defesa dos direitos humanos e de luta pela paz mundial.

·         Democratização de organismo internacionais

·         Reequipamento das Forças Armadas e plena implantação do Ministério da Defesa.

6)      BENEFÍCIOS SOCIAIS

·         Erradicação da pobreza absoluta

·         Erradicar o trabalho infantil

·         Ampliar o acesso dos benefícios pelo bolsa Família

·         Garantir o acesso à água potável para as famílias pobres da zona rural.

7)      ECONOMIA

·         Manter a inflação controlada, o câmbio flutuante e o equilíbrio fiscal

·         Realizar mudanças tributárias que beneficiem a produção e as exportações

·         Adotar políticas regionais para o desenvolvimento da Amazônia, do Nordeste e do Centro-Oeste.

8)      HABITAÇÃO

·         Construção de 2 milhões de casas

30 de out. de 2010

Desafios para o novo governo

O novo governo tem seis grandes problemas para solucionar: 1) déficit crescente nas transações externas 2) déficit da Previdência Social 3) má qualidade da infraestrutura viária 4) excessiva carga tributária 5) má qualidade da educação e da saúde 6) burocracia excessiva do setor público.
O rombo nas contas externas, que deve chegar até o final de 2010 a US$ 100 bilhões, está relacionado à baixa cotação do dólar, que torna as importações mais baratas e as exportações mais caras. Este derretimento do dólar é ocasionado pela entrada abundante da moeda em busca de remuneração mais rentável para o capital, devido às altas taxas de juros praticadas no país. Não é apenas a cotação do dólar que influencia nas exportações. O alto custo da produção deixa os nossos produtos pouco competitivos no mercado internacional. É mais rentável exportar um produto "in natura" do que um produto com valor agregado. Este alto custo Brasil está sucateando o parque industrial brasileiro.
Este custo Brasil se deve também à excessiva e complexa carga tributária. São inúmeros tributos que incidem, sob a forma de cascata, na produção industrial do país. Outro fator de custo incidente sobre o produto exportado é a precariedade dos meios de transporte. Quase metade da rede viária precisa ser melhorada para que ofereça condições para o transporte da produção. Suas más condiçoes encarecem o custo. Portos e Aeroportos operam no limite de sua capacidade.Precisam ser melhorados e expandidos. Além dos tributos e dos transportes, a burocracia pública encarece a produção e dificulta as exportações. As empresas privadas são obrigadas a ter, em seu quadro de empregados, um verdadeiro exército de funcionários públicos, para vencer a burocracia e manter em dia o pagamento dos impostos e dos tributos sociais. A corrupção do setor público é outro ingrediente que afeta o custo Brasil. Segundo relatório da ONU, o Brasil é o 69º país mais corrupto do mundo. Em 2010 manteve a mesma nota de 2009. Não houve, portanto, nenhuma melhoria.
A educação e a saúde, que representam as bases para o desenvolvimento do país, continuam patinando na falta de qualidade. A saúde está um verdadeiro caos. A educação superior expandiu em quantidade, mas perdeu muito em qualidade. A produção científica, que depende de pesquisa, está em ritmo extremamente lenta por falta de investimentos, comprometendo o futuro do país. A educação básica tem melhorado, mas se mostra incapaz de abastecer o mercado com mão-de-obra qualificada. O analfabetismo ainda bate em torno de 10% da população. Ele ainda nos envergonha. De 2003 a 2009, houve uma redução de apenas 1,9% no índice de analfabetismo. O Brasil é um país que ainda tem muitos desafios pela frente. Além disso, a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 exigirão investimentos específicos.

24 de out. de 2010

Drama de um eleitor

 José B. Queiroz

(Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil)

         No primeiro turno das eleições 2010, procurei um partido que tivesse um programa sintonizado com as minhas idéias para dar meu voto. Não identifiquei um diferencial importante entre eles. Todos tinham o mesmo discurso. A diferença não estava no conteúdo, mas no detalhe, nas nuances. Todos se aglutinavam no centro e falavam a mesma coisa. Queriam agradar a cristãos e ateus, a nobres e plebeus. Frequentavam terreiros de umbanda, oravam em cultos evangélicos e participavam das festas católicas. Tudo para ficar de bem com os fieis. Havia candidato que, quando no governo, apoiavam leis anticristãs e antidemocráticas. No palanque, jurava fidelidade a Deus e à democracia. A verdade é que todos se dobram ao sabor do vento. Não se mantêm firmes como os pés de aroeira. Fazem coligações, que mais parecem mistura de óleo e água. Sem doutrina, sem programas e sem identidade, fica difícil escolher um partido para votar. O jeito mesmo é votar nas pessoas. Os radicais de esquerda são mais autênticos. Mantêm um discurso uniforme e linear contra o capitalismo e a favor do socialismo.   Estes partidos, entretanto, não pensam em conquistar o poder agora, porque não têm quadros profissionais suficientes. Por isso, podem manter a linha radical de seu discurso.

            Não podendo escolher partido, fui obrigado a escolher candidatos. Os que me pareciam mais sinceros e honestos diziam que, se eleitos, iriam lutar contra o capitalismo e a favor de um Estado prepotente e forte. Os demais tinham cara de mentirosos. Prometiam melhorar o Brasil, investindo em saúde, educação e transporte de qualidade. Coisas que não fizeram quando estavam no governo. São todos iguais. Prometem melhorar tudo, até o sorriso das pessoas. Nos programas eleitorais, usam imagens de pessoas pobres, mostrando alegria e felicidade, como se estivessem num paraíso terrestre. Muitos desses candidatos governaram por muitos anos e não fizeram nada - e se fizeram foi muito pouco – para melhorar a situação da saúde, a qualidade do ensino e do transporte público, a qualificação da mão-de-obra, as condições das estradas. Agora, em época de eleição, prometem mudar tudo isso, prometem construir um novo Brasil. Vendem promessas, mentiras e fantasias a um povo que acredita em sonhos. Juram ética e honestidade, até mesmo aqueles que estão com a ficha suja. Muitos têm o seu nome citado em escândalos, tráfico de influência e desvio de dinheiro público. Mesmo assim, juram inocência e fazem cara de paisagem para o pobre eleitor. A verdade é que tive e tenho muita dificuldade em encontrar candidato que merecesse ou mereça o meu voto. Votar no Brasil está muito fácil com a urna eletrônica. O difícil mesmo é encontrar um candidato em quem votar. Todos são autênticos na mentira e falsos na verdade. Todos só querem o poder para desfrutar de suas benesses. Coitado do Brasil e dos eleitores brasileiros!...

16 de out. de 2010

INGREDIENTES DA DEMOCRACIA

Numa democracia e numa eleição, a gente identifica quatro ingredientes importantes: a liberdade, o eleitor, o político e os partidos. A liberdade é a alma da democracia. Quando ela começa a sofrer restrições, impostas pela conveniência do poder político, a democracia se sente acometida por insuficiência respiratória. Antigamente, a liberdade era sepultada de forma abrupta, por meio de golpes e revoluções. Hoje, ela é corroída progressiva e paulatinamente, como faz o cupim na madeira e a ferrugem no ferro. A corrosão existe, mas não é perceptível pela sociedade. Quando ela se dá conta, a democracia já está sangrando ou asfixiada. A Venezuela é um retrato fiel do desmantelamento progressivo do Estado Democrático de Direito.

                O eleitor é a bússola que marca o rumo das tendências políticas. Quanto mais consciente e independente é o seu voto, mais livre é a eleição e mais qualidade tem a democracia. A consciência do voto está relacionada à cultura política e ao processo educacional. Uma educação direcionada para ideologias e não para valores distancia cada vez mais da primavera democrática. O eleitor brasileiro, mesmo sendo pouco participativo, tem uma cultura política assentada em valores cristãos e democráticos. Somos um eleitorado distante dos extremos ideológicos. As eleições de 2010 mostraram isso de forma cristalina. Os candidatos aos cargos majoritários, com ideias radicais, tiveram votação inexpressiva. Mais de 75% dos Governadores eleitos no primeiro turno pertencem a partidos políticos moderados. Os demais dançam conforme a música. Os extremistas não convenceram o eleitor e foram renegados.

                A má qualidade do político compromete a saúde da democracia. Políticos desonestos e sem firmeza de convicções, trocando de partidos de acordo com as conveniências ocasionais, usando o poder em prol de seus interesses pessoais, dificultam a construção e o aperfeiçoamento da democracia. A perpetuação dos clãs políticos no poder maltrata a democracia, impedindo a sua floração nos pleitos eleitorais. A falta de consciência política leva o eleitor a optar por nomes já conhecidos, reduzindo a renovação. Quanto mais o poder se renova, mais a democracia floresce e ganha qualidade. A renovação é um ato saudável para as instituições.

                 Os partidos políticos constituem a cara da democracia. Eles devem representar as diversas tendências ideológicas da sociedade. Quando têm identidade própria, programas de governo próprios, conduta ética diferenciada e outras diferenças relevantes, a democracia se sente mais confortável e fortalecida. Os partidos políticos deveriam ser como as estações do ano, com as suas belezas e características próprias, de modo a encantar o eleitor. No Brasil, temos dezenas de partidos sem qualquer identidade ou definição política. Em época de eleições, eles se tornam tão sensíveis às conveniências que mais parecem folhagens ao vento.  Todos se coligam para a partilha do poder e quem mais perde é o eleitor e a democracia.  As eleições de 2010 deram uma prova evidente dessas coligações, que mais parecem um samba de gafieira tocado por americano, cantado por russo e dançado por japonês. Sem uma reforma política e partidária, a democracia brasileira dificilmente encontrará a sua primavera.

10 de out. de 2010

A desfiguração da democracia

O conceito de democracia extrapola a idéia de eleições livres e transparentes, de liberdade de expressão, de pluripartidarismo, de muitas outras coisas. A democracia se apoia num conjunto de valores. Uma eleição pode ser transparente e não ser livre. A liberdade de votar não significa liberdade do voto, relacionada com a independência do eleitor. A liberdade e a independência são faces da mesma moeda. Ambas são essenciais para a saúde da democracia. Devem se fazer presentes numa eleição para que ela se torne livre de certas impurezas. Quando o cidadão se dirige à urna para escolher o seu representante ou governante e o faz em função de favores ou benefícios individuais, pensando no presente e não no futuro, a eleição fica com o seu conteúdo democrático comprometido.

Num país onde a pobreza atormenta parcela expressiva da população, onde as injustiças sociais são cristalinas como a luz do sol, onde a educação e a saúde vivem um estado letárgico de crise, onde o povo tem pouco interesse pela participação política, tudo isso torna a democracia frágil e claudicante. As eleições representam o oxigênio da democracia. Para isso, elas precisam provocar consequências, ocasionar mudanças, renovar esperanças, trazer novos sonhos, abrir espaços para a renovação do poder. O continuísmo não é sinônimo de democracia, mas sim de regimes totalitários. Sem uma educação adequada, o eleitor tende a votar nos nomes e não nas pessoas, nas promessas inconsistentes e não nas propostas factíveis. Sem educação, os valores de ética e honestidade não representam ponto de corte para o eleitor. Ele vota de acordo com a sua necessidade e não de acordo com a sua consciência. O voto perde, portanto, consistência e valor. Quem perde com isso é a democracia.

A democracia retórica é aquela onde sobra corrupção e falta honestidade, onde os crimes financeiros são blindados pelo poder ou guardados nas prateleiras do judiciário, onde a lei só é efetiva para alguns e não para todos. Numa democracia presidencialista, o Presidente da República é, ao mesmo tempo, chefe de Estado e de Governo. Deve, portanto, estar acima dos partidos políticos. Nas eleições, é natural que tenha preferência ou mesmo apoie determinado candidato. O que não pode fazer é usar a máquina do Estado e o dinheiro do contribuinte para realizar campanhas ou ações políticas em favor de candidato. O uso da máquina administrativa e do poder econômico para influenciar o voto do eleitor desfigura a lisura do pleito e a autenticidade da democracia. Quando essas violações da lei não são punidas adequadamente, a democracia deixa de pertencer a todos para se tornar propriedade restrita de quem exerce eventualmente no poder. A democracia não pode ser de esplendor para alguns e de penúria para outros, luxuosa para poucos e pobre para muitos. Ela é um bem inalienável de todos os cidadãos.

26 de set. de 2010

ELEIÇÕES E DEMOCRACIA

 
 

Dia 3 de outubro próximo, teremos eleições para os cargos majoritários e proporcionais. Eleições fazem parte do ritual democrático, mas precisam ser livres, limpas e independentes, tanto por parte do eleitor como por parte do candidato.  Falar em democracia num país, onde mais de 20% da população vive na base da pirâmide social, em precárias condições de vida, parece fantasia. Ainda mais se levar em conta que milhões de famílias dependem de benefícios governamentais para a sua sobrevivência. O voto desse eleitorado jamais poderá ser livre e independente. Seria até injusto condenar estas pessoas trocarem o seu voto por algum tipo de recompensa. Elas dependem do favor de algum político para sobreviver. A ética só faz sentido para quem não passa fome. Essa realidade deforma o processo político. A falta de educação, saúde e emprego coloca em risco a democracia. Essa realidade social cria condições para governos populistas, com ênfase em políticas que geram dependência e não em políticas que ofereçam condições, para que o cidadão ande com as suas próprias pernas.

            Outro problema eleitoral também de importância para a democracia é a qualidade dos candidatos. Até mesmo um eleitor, com certo grau de conhecimento e condição social, tem dificuldade em identificar os candidatos denominados "ficha suja". Imaginem agora um eleitor vivendo em precárias condições de vida, correndo atrás de emprego, comida e saúde. A verdade é que esse eleitor ainda não tem condições reais de expurgar o candidato comprometido com a corrupção ativa ou passiva. A "Lei da Ficha Limpa" veio para ajudá-lo nesse processo de depuração. O problema é que veio com atraso. A aplicação dessa Lei nas eleições deste ano representa um violação ao Art. 16 da Constituição. Diz esse artigo que "A lei que alterar o processo eleitoral... não se aplica à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência". Se a Lei foi aprovada neste ano, ela não poderá ser aplicada nestas eleições. Por maiores que sejam os benefícios da sua aplicação, é preciso respeitar o ordenamento jurídico. É ele que garante a existência da democracia.  O placar de 5 votos a favor e 5 contra a vigência da "Lei da Ficha Limpa" nestas eleições mostra a fragilidade de sua aplicação. Em caso de dúvida, é melhor interpretar a lei em favor do réu, como recomenda o princípio jurídico. Sou a favor da Ficha Limpa, mas sou mais pelo respeito à Constituição.

19 de set. de 2010

PARTIDOS POLÍTICOS E A DEMOCRACIA

 
A democracia não se alimenta apenas de eleições diretas e livres para a escolha dos representantes e dos governantes. Não é também a existência do Estado de Direito ou a preservação da liberdade e dos direitos individuais e sociais que a plenitude democrática se faz presente. Um dos aspectos importantes da democracia é existência de uma oposição livre e forte dentro do Congresso. Não adiante ser livre se não for forte. Não sendo forte, não tem condições de fiscalizar o governo em nome da sociedade. Quando o eleitor elege um governo, ele não passa uma carta em branco para que este governo faça o que bem quer.

            No Brasil, como em muitos outros países da América Latina, a preponderância do Poder Executivo sobre os demais poderes é cristalina. Na maioria das vezes, ele tem a total iniciativa das leis e as faz aprovar no Congresso sem muito esforço. Quem escolhe e nomeia os Ministros do Poder Judiciário é o Presidente da República. Não se pode, portanto, falar em independência efetiva dos poderes. A existência de uma oposição fraca dá pleno poder ao Executivo de atuar, caso deseje, na redução do espaço da democracia. É o que Hugo Chaves e outros governantes fazem em seus países. Aos poucos, a democracia vai se definhando e perdendo vitalidade. Um governo com vocações totalitárias – e o poder vitaliza essas vocações – pode cometer inúmeros atentados contra os pilares da democracia, caso domine o Congresso. E ele é facilmente cooptado pelo governo, por causa da mercantilização predominante nas alianças políticas.

            As alianças que os partidos fazem para as eleições representam uma verdadeira partilha antecipada do poder. Essas alianças não são saudáveis à democracia. Uma coisa é um partido apoiar um governo após as eleições sem, entretanto, participar dele.  Outra coisa é fazer alianças espúrias para o seu rateamento, sem qualquer respeito aos programas partidários. A realidade é que, no Brasil, os caminhos para a construção e o aperfeiçoamento da democracia estão cada vez mais estreitos e difíceis. Estes escândalos de corrupção e de tráfico de influência na administração pública constituem um sinal           evidente do exercício absoluto do poder, sem controle ou fiscalização da sociedade.

18 de jul. de 2010

SER FELIZ

  Ser feliz é abrir os olhos e ver as belezas do mundo, como o azul do céu, o verde das plantas, o branco das nuvens, o colorido dos campos, o brilho das estrelas...

  Ser feliz é ouvir os sons da natureza, como a melodia do mar, o canto dos rios, o gorjeio dos pássaros, o pingo da chuva, o barulho do vento...

 Ser feliz é ver as borboletas sobrevoando os campos, os vaga-lumes piscando na noite, as estrelas brilhando no céu, o sol nascendo nos montes, o orvalho cobrindo a relva...

  Ser feliz é enfeitar a vida com a beleza que há nas flores, a brisa que sopra do mar, o silêncio que tem no campo, a esperança que nasce na fé, o amor que vem de Deus...

  Ser feliz é respirar o ar puro que desce dos montes, ver a neblina suave que paira sobre os vales, contemplar as águas dormentes que vivem nos lagos, ver as gaivotas brancas voando sobre o mar...

 Ser feliz é ver o sol colorir o céu nas tardes de outono, é sentir o perfume das rosas nas manhãs de primavera, é conhecer a alegria das alvoradas nos dias de verão...

 Ser feliz é encontrar flores onde há espinhos, companhia onde há solidão, alegria onde há tristeza, sorriso onde há lágrimas, certeza onde há dúvida, esperança onde há descrença...

 Ser feliz é resgatar todas as alegrias que ficaram para trás, todas as orações que não chegaram a Deus, todos os sorrisos que se perderam no tempo, todas as belezas que não foram vistas...

 Ser feliz é ter muitos sonhos para sonhar, muita luz para brilhar, muito tempo para ouvir...

Ser feliz é ter muita vida para viver e muito amor para dar; é estender os braços para Deus e para os homens; é inundar a terra com flores e alegria...

 Ser feliz é ver o milagre da criação; é ver Deus em todas as coisas, em todas as pessoas, em todos os lugares; é não ter escuridão dentro da alma; é caminhar sempre na direção da esperança...

 Ser feliz é sentir o tempo passar depressa como se fosse o rio correndo para o mar, é congelar as horas para que o princípio fuja do fim, é fazer da vida uma melodia que não pára de tocar...

 Ser feliz é ouvir o canto de um rouxinol dentro da alma, é aprender a sorrir até para a tristeza, é afastar as incertezas, é fechar os espaços para a solidão, é dar à alma alegria e elegância...

Ser feliz é não perder a musicalidade da vida; é não ter tempo para a tristeza, é deixar as angústias para quem goste delas, é dar densidade aos momentos de alegria...

Ser feliz é não interromper o silêncio dos ribeirões, o repouso das florestas, a quietude da noite, o canto da alvorada, o mugir do gado, a vida da natureza...

Ser feliz é ver o sol beijar as aragens brancas que se formam nas cachoeiras, é ver uma pequena flor enfeitar a escarpa de uma montanha, é ver uma água cristalina deslizar sobre as pedras que cobrem o leito dos rios.

Ser feliz é sorrir para a vida e não querer que ela envelheça e cheque ao fim.

25 de abr. de 2010

VIVER


José B. Queiroz

Viver é percorrer caminhos que se abrem entre as extremidades da vida. É deixar uma mensagem – mesmo de apenas uma linha – gravada no coração das pessoas.
Viver é partir para a jornada de alma aberta, sem medo de tropeçar nas pedras que o destino coloca em nosso caminho. É usar essas pedras como passarela para alcançar os jardins que se abrem à frente.
Viver é sentir-se cada vez mais jovem, mesmo quando os anos caminham na direção oposta. É estar no infinito, sem temer que o tempo nos alcance e nos ultrapasse. Viver é prolongar cada minuto de alegria e felicidade até o limite do tempo, é congelar cada momento de tristeza e agonia até a sua entrada no passado. É não ter medo da poeira dos anos nem do adeus à vida.
Viver é acreditar até naquilo que parece impossível ou parece não existir, é caminhar sempre em frente ao encontro do futuro, é ter a certeza de que o amanhã será melhor do que o hoje.
Viver é ter lágrimas para derramar nos momentos de dor, ter sorrisos para brilhar nos instantes de felicidade. É não trancar os sentimentos dentro do coração. É não deixar que as realidades destruam a esperança em um novo dia, por mais crueis queas sejam. Viver é não dar importância às decepções causadas pelas pessoas que encontramos pela vida afora. É desfrutar de alegria em todas as partes, em todos os momentos. É sorrir para a vida como as flores sorriem para os colibris.
Viver é ter coragem de mudar a direção da vida, quando os caminhos se mostram difíceis e pedregosos. É ser capaz de enxergar um novo vale, sem necessidade de subir a montanha. É soltar as algemas que nos tornam prisioneiros de ideias atropeladas pelo tempo.
Viver é ser um companheiro inseparável do tempo. Não deixar que ele nos abandone. É ver o dia nascer e a sua pressa em se por. É insistir em estar presente no dia de amanhã, para continuar escrevendo a história. É gostar mais das horas futuras do que dos momentos passados.
Viver é cruzar a fronteira do tempo todos os dias; caminhar na direção das estrelas mesmo sabendo que não irá tocá-las. É deixar o passado para aqueles que não querem mais caminhar.
Viver é realizar uma viagem sem volta, sempre com entusiasmo e magia. É fazer de cada fase da vida um novo começo, sem nunca pensar que tudo terá um fim. O fim só existe para quem deixa de contemplar o silêncio das tardes e o canto das madrugadas.
Viver é compreender toda a grandeza do universo, como a imensidão das águas, o colorido das estrelas, o infinito do ceu. É estar sempre presente na vida como o perfume está nas flores, como a beleza está no mar.
Viver é enxergar as belezas que cruzam os nossos olhos, como o verde das matas, a negritude dos montes, a candura da neve. É sentir a suavidade do vento que balança a folhagem das palmeiras.
Viver é reencontrar o vale da alegria que fugiu da alma; é redescobrir as rosas que se esconderam nas pedras; é recuperar a paz que o vento levou; é reacender a chama que o tempo extinguiu; é voltar a sorrir; é reconstruir a felicidade...
Viver é enxergar a obra do Criador, em toda a sua grandeza e perfeição. É dar sentido à paz, ao amor e à vida. É ter tempo para ouvir as pessoas, para conversar com Deus, para humanizar a alma, para ser gente...
Viver é mergulhar o pensamento em sonhos e fantasias; é ornamentar a alma com sorrisos e alegria; é abrir o coração para o amor e as mensagens divinas. É ser como o arvoredo que acolhe as andorinhas migrantes em busca de pouso.
Viver é ter saudade do passado, alegria no presente, esperança no futuro. É amar a vida e cultivar uma grande vontade de ser feliz.

6 de abr. de 2010

Homossexuais nas Forças Armadas

José B. Queiroz

Inicialmente, vamos ver o que reza a Constituição Federal sobre o assunto. O Inciso IV do Art. 3º diz que um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. O referido artigo se refere à obrigatoriedade do Estado em promover o bem de todas as pessoas, sem qualquer discriminação. O Inciso XIII do Art. 5º diz que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. A própria Constituição dá liberdade para a lei estabelecer qualificações necessárias para o exercício de uma profissão. Uma pessoa com deficiência visual, por exemplo, não atende as qualificações necessárias para o exercício de uma atividade como a de um soldado combatente ou a de um médico cirurgião. O Inciso X do Art. 142 diz que “a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, .... e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, ....”. Este artigo reconhece as peculiaridades da atividade militar e permite que a lei estabeleça condições especiais para o ingresso nas Forças Armadas. Os preceitos estabelecidos no Art. 3º não têm, portanto, amplitude absoluta.

O texto constitucional permite que a lei ordinária estabeleça condições para o exercício de uma atividade profissional. Não se trata, portanto, de um preconceito, mas de qualificações especiais exigidas pela profissão. Resta analisar as peculiaridades da profissão militar e as características do homossexual, para verificar a sua compatibilidade. As Forças Armadas destinam à defesa da Pátria, mesmo que para isso tenham que realizar operações bélicas. O integrante dessa Força deve, portanto, ser preparado e adestrado para a guerra, mesmo sendo ela o último recurso a que recorrem as nações para resolver os seus conflitos. Assim tem sido ao longo de toda a história da humanidade. A guerra não é o objetivo, mas todo país soberano deve estar preparado para ela. O Brasil, por suas dimensões e potencialidades, atrai interesses externos que podem atentar contra a sua soberania. Além disso, ele tem compromissos internacionais de garantia da paz, que devem ser honrados e que exigem o emprego de suas Forças Armadas.

As ações bélicas representam uma das extremidades da violência. O preparo e adestramento do militar devem, portanto, valorizar a ação de comando, a capacidade de chefia e liderança, o controle emocional, a resistência física e psicológica e o desenvolvimento da coragem. A guerra não foi feita para os fracos, porque ela é violenta. A dificuldade em desenvolver numa pessoa essas características exigidas pelas cvondições da guerra é muito grande, mesmo naquelas sem conflitos psicológicos. Pouco se sabe sobre o comportamento do homossexual diante dessas situações de guerra. Sua sensibilidade é muito acentuada e não se pode afirmar, com elevado grau de certeza, que ele será capaz de exercer, em toda a plenitude, a liderança e comandar a tropa nas ações de combate. O problema não está na sua sexualidade, mas na adequação de suas características psicológicas à profissão militar. Além disso, a possibilidade de promiscuidade sexual entre superiores e subordinados pode afetar a hierarquia e a disciplina, tidas como baluartes da profissão militar. Existem homossexuais e homossexuais. Uns exteriorizam, de forma perceptível, a sua homossexualidade e outros não. O problema é, portanto, muito mais complexo do que imaginam os defensores do ingresso de homossexuais nas Forças Armadas. Para avaliar esta compatibilidade é prciso conhecer as características essenciais da instituição, da profissão e do homossexual. É preciso analisar o problema sem emoções e demagogia, mas com responsabilidade e racionalidade. O não ingresso de homossexuais nas Forças Armadas não é questão de preconceito, mas de compatibilidade às peculiaridades da profissão. Nas Forças Armadas não há preconceito sobre o sexo das pessoas. Hoje existem muitas mulheres exercendo funções específicas, para as quais elas não sofrem nenhuma restrição.

29 de mar. de 2010

"Esquerda e Comunismo - Capítulo 2"

José Batista Queiroz

No início de 1964, milhares e milhares de pessoas, nas principais cidades do país, saíram às ruas em passeata contra as ameaças de implantação de um regime comunista no Brasil, por parte de João Goulart. Os jornais da época noticiaram toda essa mobilização da sociedade. Basta consultá-los. Em março de 1964, as forças contrárias ao comunismo, lideradas pelos Governadores de São Paulo (Adhemar de Barros), Rio de Janeiro (Carlos Lacerda) e Minas Gerais (Magalhães Pinto), desencadearam a contra-revolução. Não houve nenhum tiro, nenhuma morte. O Apoio da sociedade à causa democrática foi total. Inconformada com a derrota, a esquerda radical se organizou em guerrilha urbana e partiu para ações terroristas. De 1964 a 1968, antes da edição do AI-5, os terroristas assassinaram 19 pessoas a sangue frio e com violência.

Muitas dessas vítimas não tinham nada a ver com a contra-revolução. Eram cidadãos comuns, como vigia, fazendeiro, bancário, trabalhador. Em 20/03/68, antes da edição do AI-5, Orlando Levicchio Filho, um jovem civil de 22 anos, que ia para o trabalho, teve a perna amputada devido à explosão de uma bomba, colocada na embaixada americana em São Paulo por Diógenes Carvalho Oliveira (hoje Diógenes do PT), que tinha feito curso de explosivos em Cuba. Levicchio nunca recebeu nenhuma indenização por parte do Estado e Diógenes, o terrorista, recebe uma pensão de R$1.627,00 . A ação terrorista mais violenta foi realizada em 1966 no Aeroporto de Recife, na qual morreram um Almirante aposentado e um Jornalista, além de 17 pessoas gravemente feridas. Foi idealizada pelo Padre Alípio de Freitas, que tinha acabado de realizar um curso de guerrilha em Cuba. A maioria dessas ações foi pratica pela VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), à qual pertencia Dilma Roussef.

O crime mais bárbaro foi contra um soldado recruta (Mário Kozel Filho), de sentinela no QGEx em São Paulo (1968), que morreu despedaçado com a explosão de um carro-bomba. Outro foi contra um Capitão do Exercito americano (1968), aluno de Sociologia na Fundação Álvares Penteado, condenado à morte por um Tribunal Revolucionário - composto por três terroristas - e executado na porta de sua casa, na presença da esposa e dos filhos, com vários tiros de revólver e metralhadora INA. Diógenes Carvalho Oliveira (hoje Diógenes do PT) participou dessa execução e de mais 4 assaltos e 3 atentados a bomba.

Nenhuma das 19 vítimas fatais e das dezenas de pessoas que ficaram inválidas por causa dos atentados, praticados por terroristas entre 1964 e 1968, recebeu qualquer tipo de reparação pecuniária. Os terroristas, porém, receberam polpudas indenizações e aposentadorias. As organizações guerrilheiras foram financiadas e treinadas por Cuba e União Soviética. Seu objetivo não era restaurar a democracia, como dizem hoje, mas implantar um regime comunista. Fizeram parte dessa guerrilha e planejaram ou realizaram ações de roubo, seqüestro, assalto e assassinato muitas figuras que hoje ocupam o poder, como Dilma Roussef, Franklin Martins, Carlos Minc, Juca Ferreira e outros. São essas pessoas que hoje falam em Direitos Humanos e elaboraram o PNDH-3, excluindo da apuração os crimes praticados ou planejados por elas. Estão mentindo para o povo e caluniando a História.

Sem grandes êxitos nas ações urbanas e orientada por Cuba e China, a esquerda comunista desencadeou a guerrilha rural, instalando base em várias regiões do país (Caparaó, Ribeira e Araguaia). A de Caparaó foi inspirada na de Sierra Maestra e financiada por Cuba. A maioria de seus integrantes era formada por ex-militares, expulsos das Forças Armadas. No vale do Ribeira, o mais hediondo de todos os crimes foi praticado por Lamarca, matando, covardemente e sem direito de defesa, o Tenente Mendes, da PM/SP, que havia se entregado como refém. Lamarca matou-o a golpes de coronhadas com fuzil FAL, massacrando o seu crânio.

No vale do Araguaia, um Tribunal Revolucionário da guerrilha condenou o filho de um mateiro (João Pereira) à morte. Em 26/06/1972, foram à casa da vítima, cortaram-lhe as orelhas e depois as mãos, com facão. Em seguida, assassinaram-no com facadas. Tudo foi feito a sangue frio, com requintes de violência e crueldade, na frente dos pais.

Os ex-terroristas, os ex-integrantes da luta armada e os militantes de organizações socialistas buscaram um novo caminho para conquistar e dominar o poder. Infiltraram no Partido dos Trabalhadores e assumiram os postos chaves. Como estratégia para chegar ao poder, amenizaram o discurso radical e vestiram a pele de democratas. Como estratégia para construir um regime socialista/comunista, estão minando, de forma progressiva e sorrateira, os fundamentos da democracia. Escondem as suas reais intenções como as neblinas escondem os vales.

Esta é a história da esquerda no Brasil. Com a derrocada do comunismo, ela se dividiu em esquerda democrática e esquerda socialista. Esta última é a dominante no Brasil, na Venezuela, na Bolívia, em Cuba. Seu objetivo é enfraquecer o capitalismo e a democracia para construir um Estado socialista/comunista. Tem como apóstolos Marx, Trotsky, Lênin e Gramsci. O comunista é teimoso e se guia sempre pela ideologia, nunca pela razão ou pelo direito. Acredita na ideologia mais do que o padre acredita em Deus. É um visionário. É também vingativo, dissociador, autoritário e arrogante. Daí a sua intolerância e rejeição à democracia. A divergência e a pluralidade não fazem parte de seu dicionário ideológico. Minha esperança é que a esquerda democrática se sobreponha a essa esquerda socialista/comunista e possamos continuar na democracia

A esquerda sabe construir um palácio para o socialismo, mas não sabe erguer nem mesmo uma choupana para a democracia.

22 de mar. de 2010

A Atuação da Esquerda no Brasil - Capítulo 1

A Atuação da Esquerda no Brasil - Capítulo 1
José Batista Queiroz

Esta é a história da atuação da esquerda no Brasil e das violências que ela cometeu contra os direitos humanos. Uma história de crimes, traições, terrorismo e assassinatos. Agora, que está no poder, usa o poder para desfigurar a democracia e construir um Estado socialista. Basta ler o chamado PNDH-3 (Programa Nacional de Direitos Humanos) e as Diretrizes Programáticas 2011-2014, aprovadas no 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores. O conteúdo de ambos apontam para um Estado
totalitária e não para uma democracia. Todos os regimes socialistas do mundo foram implantados pela esquerda.

Esquerda e socialismo sempre andaram atrelados, como se fossem cães ajoujados. É uma história de cumplicidade e totalitarismo. A esquerda do Brasil, ao contrário da europeia, não tem nenhuma afinidade com a democracia, a liberdade e os direitos humanos, embora use esses termos de forma enganosa e deturpada, para enganar a sociedade. A democracia que ela defende não tem como âncora os ideais da Revolução Francesa (1789), mas aqueles da Revolução Russa (1917). A verdade é que a
esquerda nunca teve nenhum sincronismo com os rituais democráticos.

Seus maiores ídolos e amigos não são os governantes de países democráticos, mas os ditadores espalhados pelo mundo, cujo objetivo é perpetuar-se no poder. Para eles não existe lei, mas vontade e ideologia. Esses ditadores prendem e executam opositores. Cuba, Irã, Venezuela e tantos outros são, para essa esquerda, exemplos de "democracia".

Essa esquerda distorce a História para atender a seus objetivos ideológicos. Hoje, alguns livros de História usados nas Escolas Públicas mostram os revolucionários socialistas/comunistas como heróis da "democracia", quando suas reais intenções eram ou são a implantação de um regime totalitário. Comunismo e democracia não se alimentam na mesma fonte e nem bebem da mesma água. São ideais antagônicos. Um
inclui a liberdade, o outro a sua supressão.

No passado, o socialismo/comunismo era moda. Tentaram, por diversas vezes, implantar no Brasil um regime semelhante ao da União Soviética. Em 1935, sob o comando do Capitão Carlos Prestes e a influência de sua companheira Olga Benário – agente soviética da KGB no Brasil –desencadearam a chamada Intentona Comunista.

O objetivo dessa Intentona era derrubar Getúlio Vargas e estabelecer no país um governo totalitário, com o símbolo da União Soviética. No Rio, militares e civis comunistas assassinaram, na calada da noite e de forma traiçoeira e covarde, soldados inocentes de serviço nos Quarteis. Em Natal, atacaram aquartelamentos do Exército e enforcaram Elza Fernandes, uma pobre moça analfabeta, por ordem de Prestes.Assassinato e desrespeito aos direitos humanos sempre foram a marca
registrada da atuação da esquerda no Brasil.

O período 1930/1937, durante o qual os comunistas atuaram na ofensiva e com violência, foi excluído das apurações sobre violação dos direitos humanos, previstas no PNDH-3. Também foi excluído das investigações o período 1946/1963, como se a História desse saltos no tempo, interrompendo a sua linearidade. Até parece que os períodos excluídos não fazem parte da História do Brasil. Isso mostra o caráter revanchista, tendencioso e ideológico do referido Programa.

Uma das características dos comunistas é a sua persistência. Perseguem o objetivo como o cachorro persegue o osso. Em 1961, criaram a POLOP (Política Operária), uma organização trotkista, onde Dilma Roussef, filha de família abastada, iniciou a sua militância revolucionária. Em 1963/1964 estava em marcha uma revolução para implantar um regime comunista. Em 1963, Miguel Arraes, voltando de havana, disse: "Golpe vai haver ou nosso ou deles. Não sei quem é o primeiro". Francisco
Julião, líder das Ligas Camponesas, disse em Havana: "A revolução comunista no Brasil já tem data marcada: 1º de janeiro de 1964".

A Revolução prevista só não foi desencadeada devido a dissidências internas entre os líderes, mas já estava em avançado grau de organização. No Nordeste, as Ligas Camponesas eram semelhantes a um Exército. Nas Forças Armadas, era significativo o número de adeptos dessa Revolução. Havia, inclusive, planos para a tomada de Quarteis pelas armas. Em Brasília, houve vários ataques, com tiros de fuzil e
metralhadoras, contra aquartelamentos do Exército, fieis à democracia.
Tudo isso está registrado em arquivos. O BGP (Batalhão da Guarda Presidencial) foi cercado e o edifício do atual Comando Militar do Planalto, na Esplanada dos Ministérios, foi também cercado pelos revoltosos e crivado de balas.

No próximo capitulo, vamos descrever a contra-revolução democrática, a derrota da esquerda e a sua atuação até os dias atuais. No último capítulo, mostraremos as ações da esqeurda para construir no Brasil um Estado socialista/comunista.

10 de mar. de 2010

Para Onde Vai o Brasil?

 
General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva

No regime democrático, o Estado e as instituições servem à Nação e não a governos e seus programas político-partidários. No regime totalitário, o partido único ou hegemônico é um novo ator, que predomina na relação Nação-Estado. Este último e suas instituições, entre elas as forças armadas (FA), servem ao partido e não à Nação, sobre a qual prevalecem. 

A história mostra que o direito é alterado ao sabor do poder dominante em sistemas desequilibrados. O regime democrático depende do equilíbrio entre os poderes, ficando sob ameaça quando, como ocorre hoje no Brasil, o Executivo hipertrofiado e seu partido estabelecem uma estratégia para a tomada total do poder como está claro no Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH.

É perigoso um Legislativo fisiológico e moralmente desgastado, que se submete às pressões do Executivo, e um STF com sete de onze ministros indicados pelo presidente da República, hoje um indispensável e oportuno aliado da esquerda radical em seus propósitos. Porém, o PT sabe que sua candidata, mesmo vencendo a eleição presidencial, não é uma liderança nacional capaz de conduzir com êxito o projeto totalitário do partido. Assim, ao contrário do mandato atual, o PT será protagonista nesse eventual governo, daí o empenho em aprovar algumas propostas do PNDH, sem o que será praticamente impossível concretizar a tomada total do poder.

Caso o Legislativo e o Judiciário se dobrem à pressão do Executivo e alterem normas legais e constitucionais que asseguram o regime democrático, a fim de endossar certas propostas do PNDH, o PT irá controlar, cercear a liberdade e conduzir todos os setores da Nação ao encontro de seu projeto de poder. Para isso, utilizará as comissões e conselhos previstos no Programa que, aparelhados pelo partido, serão a versão nacional dos comissários do povo e sovietes das jurássicas repúblicas socialistas.

Um dos objetivos imediatos da esquerda radical é a neutralização das FA, sendo a Comissão da Verdade uma tentativa de deixá-las inertes e na defensiva. A alteração do texto do PNDH não impede o propósito de apresentar uma versão facciosa dos eventos históricos, objetos da comissão. Ela está sendo preparada por um grupo de trabalho totalmente parcial, portanto, seu nome pode ser qualquer um menos Comissão da Verdade. As FA são comprometidas unicamente com a Nação, o Estado e a Constituição como devem ser nos regimes democráticos. A esquerda radical pretende enfraquecer este compromisso e redirecioná-lo para o partido; o que será impossível, pois as FA teriam de negar o próprio berço e a histórica aliança com o povo brasileiro e suas aspirações, entre elas a de liberdade.

A visão de futuro da esquerda radical é a de um Estado forte, de economia planificada centralizadamente e com grandes empresas estatais. Baseia-se em uma aliança tácita que apóia, mas controla o empresariado, cujo lucro e gestão dependerão dos financiamentos do governo e dos fundos de pensão nas mãos do Estado. O modelo se assemelha ao capitalismo de estado chinês, adaptado ao perfil nacional, como se deduz das Diretrizes Programáticas do PT – 2011/2014. É um projeto desenvolvimentista para transformar o Brasil em uma potência política, econômica e militar, mas seu custo é a perda da liberdade, uma cara aspiração nacional. Hoje, essa esquerda alia-se com defensores dos direitos humanos, ambientalistas e altas lideranças políticas oportunistas, mas quando estiver fortemente assentada no poder vai se descartar destes incômodos companheiros de viagem, a exemplo dos conhecidos expurgos das revoluções totalitárias.

Visão prospectiva não é adivinhação, mas avaliação de tendências e, em estratégia, o tempo se conta por décadas, não a cada ano. A esquerda radical vê a possibilidade de permanecer no poder até 2022, tempo bastante para concretizar sua estratégia de tomada total do poder já em andamento.

Na Carta Magna, está clara a opção da Nação pelo regime democrático, como se vê no Preâmbulo, Capítulo I e artigo 5º. O Brasil não quer ser um país igual à China do massacre da Praça Celestial e da internet censurada; à Venezuela do desabastecimento, incompetência e ditadura bolivariana; à Cuba dos presídios, "paredões" e fuzilamentos; e ao Irã das eleições fraudadas, prisões e assassinatos de opositores. Neste e nos próximos anos, a vontade da Nação e a estabilidade das instituições, entre elas as FA, passarão por um teste decisivo para o futuro de nossa democracia.

23 de fev. de 2010

O Lulismo

O objetivo das forças políticas de um país é o poder. Não medem esforços para que possam exercê-lo pelo maior tempo possível. Ao longo da história, em muitos países os políticos mistificaram pessoas ou ideias para o domínio do poder. Não nos faltam exemplos. Tivemos o nazismo na Alemanha, o fascismo na Itália, o maoísmo na China, o peronismo na Argentina, o trabalhismo no Brasil. Transformaram a liderança de uma pessoa numa força política. Hugo Chaves faz tudo para se transformar no pai do bolivarismo sul-americano, associando a idéia a uma ideologia socialista/comunista. Essa estratégia política às vezes gera bons resultados eleitorais.

            É com essa visão estratégica que a esquerda no Brasil está trabalhando. Ela chegou ao governo mediante o abandono da linha radical e a aliança com as forças de centro. Uma vez no governo, seguiu os mandamentos de Lênin. Apoderou-se da estrutura do Estado e dominou a mídia e os movimentos populares. Usou, de forma pirotécnica, os termos democracia e liberdade para confundir a sociedade. Suas reais intenções são outras. Aos poucos conquistou o poder e, então, iniciou um movimento na direção de suas origens. Seu objetivo é a construção de uma sociedade socialista/comunista. As forças políticas aliadas estão sendo, gradativamente, ajustadas a seus dogmas ideológicos ou reduzidas a posições subalternas. Essa esquerda é capitaneada pelo Partido dos Trabalhadores. Esse movimento do partido na direção da esquerda radical está explícito no programa de governo, aprovado no 4º Congresso do Partido e que deverá ser seguido pela candidata à Presidência da República. É um programa, à semelhança do PNDH-3, com traços marcantes de uma ideologia socialista/comunista.

            O PT não abre mão de ser o berrante da boiada, de se firmar como líder das forças de esquerda. Trabalha para eleger a sua candidata a Presidente. Só assim poderá dar continuidade ao seu projeto político de instalar no Brasil uma sociedade socialista/comunista. Para eleger a candidata, quer aproveitar a popularidade do Presidente Lula e transformá-la numa força política, com o nome de lulismo, capaz de dominar o poder por algumas décadas. Este lulismo tem como força motora, além da popularidade do Presidente, os programas sociais, consolidados em uma única lei. Assim, a força política que elegerá a Dilma não será o PT e nem a dos demais partidos aliados, mas o próprio lulismo. Dilma será identificada para o eleitor como mãe dos programas sociais e Lula com o pai. Na política nada é previsível, porque o cenário é mutável. Veja o que ocorreu no Distrito Federal. A candidata do PT pode escorregar no caminho, seja por mudança de cenário, seja por não contagiar o eleitor, seja por erro de estratégia.  A verdade é que ninguém sabe o que está na cabeça do eleitor e nem como ele reagirá diante de novos fatos. A cabeça do eleitor está mais para a economia do que para a ideologia.

20 de fev. de 2010

A Comissão da "Verdade"

 Gen Ex Maynard Marques de Santa Rosa

        

A verdade é o apanágio do pensamento, o ideal da filosofia, a base fundamental da ciência. Absoluta, transcende opiniões e consensos, e não admite incertezas.

A busca do conhecimento verdadeiro é o objetivo do método científico. No memorável "Discurso sobre o Método", René Descartes, pai do racionalismo francês, alertou sobre as ameaças à isenção dos julgamentos, ao afirmar que "a precipitação e a prevenção são os maiores inimigos da verdade".

A opinião ideológica é antes de tudo dogmática, por vício de origem. Por isso, as mentes ideológicas tendem naturalmente ao fanatismo. Estudando o assunto, o filósofo Friedrich Nietszche concluiu que "as opiniões são mais perigosas para a verdade do que as mentiras".

Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa.

A História da inquisição espanhola espelha o perigo do poder concedido a fanáticos. Quando os sicários de Tomás de Torquemada viram-se livres para investigar a vida alheia, a sanha persecutória conseguiu flagelar trinta mil vítimas por ano no reino da Espanha. 

A "Comissão da Verdade" de que trata o Decreto de 13 de janeiro de 2010, certamente, será composta dos mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o seqüestro de inocentes e o assalto a bancos, como meio de combate ao regime, para alcançar o poder.

Infensa à isenção necessária ao trato de assunto tão sensível, será uma fonte de desarmonia a revolver e ativar a cinza das paixões que a lei da anistia sepultou.  

 Portanto, essa excêntrica comissão, incapaz por origem de encontrar a verdade, será, no máximo, uma "Comissão da Calúnia".

8 de fev. de 2010

O Poder é Afrodisíaco

por Maria Lucia Victor Barbosa, Socióloga

Algumas pessoas não entendem a aceitação quase unânime de Lula da Silva. Aconteça o que acontecer, pesquisas sempre registram assombroso e crescente prestígio do presidente da República. Escândalos atingindo seus companheiros mais próximos de partido e de governo, algo que em outros países no mínimo traria descrédito à figura presidencial, não acarreta consequência sobre o mito do salvador da pátria cuidadosamente construído. Apagões de transporte aéreo, apagões de energia, Educação no fundo do poço da mediocridade, Saúde em descalabro, estradas em estado calamitoso, nada perturba a paz e a alegria do presidente voador, que quando não se encontra em palanques ou sob as luzes das TVs está usufruindo de uma de suas inúmeras e maravilhosas voltas ao mundo.

No ano passado, o presidente que tanto criticou as viagens do seu antecessor passou 83 dias circulando pelo Brasil em campanha ilegal por Dilma Rousseff e 91 dias em 31 países. Neste ano ele já visitou, somente em janeiro, sete Estados, sempre acompanhado por sua ministra da Casa Civil e candidata. Entre frenéticos discursos Lula da Silva inaugura o que existe e o que não existe.

A popularidade do presidente, segundo alguns, vem do seu carisma. Será? Se fosse tão carismático ele teria se alçado à presidência da República na primeira tentativa e não na quarta. Outros atribuem o prestígio de Lula da Silva a sua genialidade. Mas gênio não emite tantos disparates quando deixa de lado a leitura dos discursos oficiais e expande sua verve populista, entremeada de palavrões e ataques pesados aos adversários.

Na verdade, a aceitação de Lula da Silva vem de alguns aspectos já conhecidos e por mim já abordados em artigos, tais como: propaganda asfixiante, impressionante culto da personalidade, exposição em over dose da figura presidencial trabalhada como um pop star, "bondades" distribuídas aos ricos, aos pobres e a chamada base aliada, o que demonstra a velha máxima: "pagando bem que mal tem".

Tudo isso seria suficiente para o endeusamento de Lula da Silva. Mas tem algo mais que tem sido feito por ele mesmo. Em arroubos megalomaníacos o presidente não cessa de se endeusar, de se auto-elogiar, de ensinar ao mundo seu exuberante êxito. Ele sente prazer em exercitar sua autoridade, de se impor. Por isso se diz que há algo afrodisíaco no poder. Rendida, a massa que escuta apaixonada a violência verbal chega ao êxtase coletivo e se rende ao culto do chefe ou à sua imagem, o dá a ele o grande recurso para governar.

A Lula da Silva basta a imagem, o tom de voz, os esgares. E quando a imagem se sobrepõe à verbalização temos o antidiscurso que justamente consagra o fascínio pela incoerência tão cara às massas.

Lula é a personificação do antidiscurso. Some-se a isso o que Hannah Arendt denominou como "instinto de submissão: "um desejo ardente de se deixar dirigir, de obedecer a um homem forte". Isso explica um dos fatores da obscura adesão a uma imagem, a uma projeção idealizada que jamais resistiria a sua própria realidade tosca, incoerente, medíocre, vulgar.

Em sua magistral obra, "O Estado Espetáculo", Roger-Gérard Schwartzenberg mostra como no fascismo a "multidão italiana se entregou ao Duce, o macho latino, de forma voluptuosamente submissa". E Hitler, demonstrando o comportamento machista do nazismo, declarou: "A grande maioria do povo se encontra numa disposição e num estado de espírito tão femininos que suas opiniões e seus atos são determinados muito mais pela impressão produzida sobre seus sentidos, que por uma reflexão pura".

Também na obra acima citada se encontra o que disse William Gavin, que foi membro da equipe de Nixon: "O eleitor é fundamentalmente preguiçoso e em hipótese alguma se poderá esperar que ele faça o menor esforço para compreender o que lhe dizem. Raciocinar exige um grau elevado de disciplina e concentração; é mais fácil impressionar. O raciocínio repugna ao telespectador, ou então o agride, exige que ele concorde ou recuse; uma impressão, ao contrário, pode envolvê-lo, solicitá-lo sem o colocar diante de uma exigência intelectual".

Os marqueteiros, esses construtores de imagens, sabem tudo isso. E os ególatras que alcançaram o poder praticam a sedução e a submissão das massas de modo espontâneo e masoquista. Seu egocentrismo desenfreado, seu hedonismo patológico os torna megalomaníacos. Entretanto, todos também sabem que paixões não são eternas. Tampouco existem deuses mortais.

Note-se que a paixão dos venezuelanos por Hugo Chávez, outro macho latino com características fascistas, começa chegar ao fim. Quanto ao presidente brasileiro é um homem de sorte incomensurável, mas sorte é algo aleatório e um dia pode acabar. Recentemente Lula da Silva provou para si mesmo que não é imortal. E começa a aprender o que ensinou Maquiavel: "Quem cria o poder de outrem se arruína". Ele que se cuide com Dilma Rousseff.