22 de mai. de 2011

CASO PALOCCI

O jornal A FOLHA DE SÃO PAULO publicou uma grande reportagem sobre o aumento exagerado do patrimônio do Ministro Chefe da Casa Civil da Presidência da República Antônio Palocci. Segundo o jornal ele teve o seu patrimônio multiplicado por 20 em apenas quatro anos. A Presidenta da República, o Presidente do Senado, o Procurador-Geral da República, os líderes políticos da base aliada e vários Ministros de Estado dizem, de forma uníssona, que não há nada o que apurar, que tudo isso é intriga da oposição para desestabilizar o governo. De onde é que veio tanto dinheiro! Houve tráfico de influência para se ter tamanho enriquecimento em tão pouco tempo?! Não adianta apenas dizer que tudo foi feito dentro lei. É preciso ter clareza e transparência nos negócios. O Ministro pagou todos os impostos devidos? A gente só tem certeza se o fato for investigado. Como afirmar que não há crime algum se nada foi apurado. O pobre caseiro Francenildo Costa teve o seu sigilo bancário e fiscal quebrado por causa de um depósito de R$30.000,00. Agora, o Ministro Palocci adquire bens imobiliários avaliados em mais de R$ 7 milhões e nem a Receita Federal e nem o Procurador-Geral da República querem saber a origem do dinheiro. Essa é a democracia que vivemos. Ela tem dono. Não pertence ao povo, mas a quem exerce o poder. O Procurador-Geral Roberto Gurgel não tem interesse em mandar investigar o fato, porque quer ser reconduzido ao cargo. Essa recondução depende da boa vontade da Presidenta Dilma e do Senado, onde o governo tem maioria. Assim, O Procurador-Geral não pode exercer as suas atividades com independência absoluta – como seria desejável – porque é refém do poder político. De todos os procuradores, o Sr Roberto Gurgel é o que menos tem incomodado o Executivo. Infelizmente, temos que conviver com uma dura realidade, que muito dificulta a construção de uma verdadeira democracia. A verdade é que nos Estados Unidos a democracia é real e aqui é apenas formal. Lá se tem coragem de investigar os grandes. Aqui, só se tem coragem para investigar os pequenos. E isso é o que faz a diferença entre a democracia norte-americana e a nossa.

13 de mai. de 2011

EROSÃO DA LIBERDADE

(Gen Ex R1 Maynard Marques de Santa Rosa)

Os filósofos humanistas acreditavam que a razão humana é onipotente e ilimitada. Francis Bacon chegou a afirmar que: "a ciência e a lógica podem resolver todos os problemas e ilustrar a infinita perfectibilidade do homem".
Sob a idolatria da razão, o iluminismo relativizou os alicerces culturais da nossa civilização, privando-a dos referenciais de comportamento que regiam a própria sobrevivência social.
Posteriormente, a insatisfação popular dos novos tempos abrigou-se nas ideologias fratricidas, fazendo grassar a instabilidade. E a religião foi sendo relegada, como "o ópio do povo".
Parece surpreendente, mas a transformação acelerada dos costumes sociais, que se observa no mundo moderno, não resulta de um processo espontâneo.
Embora admitindo-se que a concentração urbana e a educação do povo favorecem a conscientização, é inegável que a luta pelo poder domina a motivação da maior parte dos fenômenos midiáticos de massificação.
Atualmente, a dialética de formação da opinião pública virou campo de batalha revolucionário. Antes, a força das armas era o último recurso para submeter resistências a interesses vitais. Hoje, é o apelo à propaganda e à mobilização.
A ideologia gramscista intenta subjugar a sociedade, forçando a sua transformação cultural. Para isso, substituiu a luta de classes da doutrina de Marx pela decantada "luta por hegemonia".
A luta pela hegemonia consiste na defesa de uma idéia minoritária contra o senso-comum tradicional, a fim de levar a maioria das pessoas a aceitá-la como politicamente correta, mudando o seu modo de pensar.
O problema é que não se sabe quem define o politicamente correto; e se a idéia inoculada é válida, justa ou conveniente.
O livre-arbítrio permite, por exemplo, que as pessoas homo afetivas vivam como quiserem, cabendo-lhes o respeito alheio às opções de sua preferência. Contudo, impor o seu ponto de vista ao conjunto da sociedade é um contra-senso ao aforismo aristotélico de que "o todo deve, necessariamente, ter precedência sobre as partes".
A agenda de luta por hegemonia é permanente e prolífica de temas com potencial de conflito, como: racismo, "bullying", violência doméstica, machismo, homossexualismo, fumo e muitos outros.
As técnicas mais sutis e criativas de publicidade abusam do sofisma, para convencer uma maioria descuidada. Uma análise superficial do cotidiano permite identificar a engenhosidade dessas campanhas, como podemos observar nos casos abaixo.
"A responsabilidade pelo comportamento violento das pessoas cabe às armas de fogo". Portanto, devem ser proibidas.
"O que impede as pessoas de cor de ingressarem na universidade é o racismo do povo". Portanto, deve ser corrigido pela imposição de um sistema de cotas raciais.
"Os pais abusam naturalmente de seus filhos". Logo, cabe ao Estado dotar os conselhos tutelares de uma atribuição policial.
"O castigo é abominável, por deformar a personalidade da criança". Assim, deve ser criminalizado.
Aprendemos da sabedoria popular que "a ociosidade é a mãe de todos os vícios". No entanto, hoje, "o trabalho infantil é exploração". Logo, se uma mãe atribui à criança uma tarefa doméstica, arrisca-se a perder o pátrio poder.
Reprimido artificialmente um costume natural, resta em seu lugar um vácuo de padrão, passível de ser preenchido pela sugestão do comportamento projetado, o "politicamente correto".
Após assimilado pelo povo, o novo padrão é imediatamente transformado em legislação. Dessa forma, o direito avança agressivamente sobre o campo da moral, produzindo uma sociedade "controlada". A cada avanço, a liberdade individual fica diminuída.
A sociedade, perplexa e desprotegida, assiste à progressão dos disparates. Um bandido que arrasta e dilacera o filho para roubar o carro da mãe é resguardado por lei, simplesmente, por ser menor de dezoito anos, ignorando-se o direito da coletividade à legítima defesa.
Existem exemplos de que a História se repete, por falta de atenção. Duas gerações após o trauma da Revolução Francesa, Alexis de Tocqueville escreveu que o delírio dos franceses por reformas toldou-lhes a visão dos fatos, levando-os a abstraírem os valores que haviam inspirado a própria revolução. "A primeira vítima, tombada na guilhotina, foi a fraternidade. A igualdade ficou postergada para o futuro, nas trincheiras dos novos proprietários rurais. E a liberdade dissipou-se, progressivamente, no sorvedouro da massificação e da centralização administrativa".
Se o bom-senso natural for absorvido pelo turbilhão do senso comum artificial, em pouco tempo, teremos uma população de neuróticos e psicopatas. O caráter brasileiro terá perdido a irreverência espontânea e a alegria. E um povo triste é uma sociedade infeliz.
Tudo isso, porém, carrega uma intenção oculta, um fim político desconhecido.
A quem tem "olhos de ver" e "ouvidos de ouvir", despertar é preciso
!

5 de mai. de 2011

Homenagem aos Pracinhas Brasileiros.


Gen Ref José Batista de Queiroz (*)

Dia 8 de maio se comemora o Dia da Vitória. Muitos desconhecem essa data. Outros tantos esqueceram. A história dos heróis é assim: sempre esquecida. Dia 8 de maio de 1945, a Alemanha assinou a sua rendição às Forças Aliadas. Era o fim da II Guerra Mundial na Europa. Ela envolveu o mundo, o mundo inteiro. Deixou milhões e milhões de mortos, mutilados, desaparecidos.
Pela primeira vez na nossa história, o povo pediu a guerra. Queria a vingança dos 740 brasileiros mortos e dos 19 navios afundados. Em julho de 1942, o Brasil entrou na guerra. Com apenas 40 milhões de habitantes, deveria enviar para a Itália 70.000 soldados. Só conseguiu mobilizar 25.000. O armamento era obsoleto; a doutrina de combate, ultrapassada. Mesmo não tendo padrões antropométricos e sanitários adequados, o soldado vestiu o seu uniforme, pegou o seu fuzil e embarcou para a Europa, em julho de 1944. Lá, nos campos gelados da Itália, lutou contra um dos melhores soldados do mundo – o soldado alemão. O nosso pracinha mostrou o valor de nossa gente. Sem experiência de combate, adaptou-se rapidamente à guerra, num ambiente desfavorável, lutando na neve, no frio, na lama. Dentro das trincheiras, enfrentou as balas e as bombas inimigas. Para desalojar o alemão das suas posições fortificadas, atacou, incessantemente, do sopé para as alturas, com coragem e heroísmo, sem temer a morte. Mostrou que na guerra é valente e destemido. Combateu durante 239 dias, sem parar. Fez mais de 20.000 prisioneiros. Morreram 451 soldados brasileiros. Em 8 de maio de 1945, a Alemanha se rendeu. O nosso pracinha cumpriu o seu dever, honrou a sua Pátria e, na volta, foi recebido com flores e aplausos. Foi recebido como herói.
Mas hoje está esquecido. Poucos se lembram deles. Muitos desconhecem o seu heroísmo, a sua
epopeia, a sua coragem. Não lhe prestam mais homenagens. Eles foram lutar pela liberdade e muitos deixaram a sua vida nos campos da Itália. As pessoas de hoje não sabem o que é uma guerra. Desconhecem a vida nas trincheiras, o medo da noite, a incerteza da escuridão. Nunca ouviram o sibilar das balas e o rugir dos canhões. Na guerra, não se sabe onde está a vida e onde está a morte. Por isso, os nossos pracinhas são os meus heróis de verdade. Honraram as cores de nosso Pavilhão. Eles motivaram um novo Brasil. Despertaram a nossa gente para o seu futuro. Infelizmente, poucos sabem disso...
Assim é a vida dos heróis.

(*)
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.