18 de out. de 2009

A Esquerda Obsoleta

José B. Queiroz

Numa viagem recente à Europa Central, constatei que as pessoas estão muito mais preocupadas em discutir qualidade de vida, desenvolvimento econômico do que ideologias. O que na verdade os países buscam é uma integração regional que lhes proporcione menos fronteiras.

A dominação soviética colocou os países do leste europeu em posição muito inferior aos da Europa ocidental. Com a extinção do comunismo, a liberdade voltou a fazer parte da vida das pessoas. A democracia se transformou na estrada para o futuro, o capitalismo na ferramenta para o progresso. O ensino do idioma russo deu lugar ao inglês e ao espanhol. O inglês por sua universalidade e o espanhol pela quantidade crescente de turistas. É claro que não são oriundos de Cuba. Aliás, a coisa mais rara do mundo é encontrar turista cubano.

Atualmente, o único povo que faz a apologia da pobreza, que se orgulha da igualdade na miséria, é o cubano. Nunca conheci um país dirigido pela esquerda radical, onde o povo tivesse alto padrão de vida. O mundo é assim mesmo. Quem nunca esteve no céu adora o purgatório. Quem sempre morou na rua tem o barraco como palácio. Quem nunca saiu do casulo não conhece a luz do sol. Quem sempre viveu em ditadura não sabe o que é liberdade. O pior é que ainda coloca a culpa nos Estados Unidos, pela miséria em que vivem. Jamais culpa o regime imposto por Fidel Castro, um dos homens mais ricos comandando um dos países mais pobres. Ele é o maior ídolo dessa esquerda radical sobrevivente no mundo.

Nunca vi uma ideologia tão obsoleta e arcaica como a da esquerda radical. Tem inveja da riqueza e ódio dos que trabalham. Considera a Estátua da Liberdade em Nova Iorque como o dragão do imperialismo e não como o símbolo da liberdade. Aliás, a liberdade é o bem que essa esquerda mais utiliza para chegar ao poder e o que ela mais rejeita quando está nele. Sua doutrina é oposta à da verdadeira democracia. Sua democracia é a de Cuba, amputada de pernas e braços. Se a vida em Cuba fosse tão saudável, o mundo inteiro gostaria de migrar para lá. Se o seu regime fosse realmente bom, a maioria dos países o adotaria como solução. Mas essa não é a realidade do mundo. Quem adotou o comunismo patinou no tempo e travou o desenvolvimento da sociedade.

O comunismo foi a maior epidemia bacteriana que já assolou o mundo. Foi o maior pesadelo que os países já tiveram. E ainda existe gente apaixonada pelos ídolos comunistas. Para mim, a ideologia é como a cor, onde existem os tons. Os regimes ditatoriais se hospedam sempre nos extremos, tanto da direita como da esquerda. São assimétricos à liberdade e à democracia. Existe esquerda com tonalidade democrática, que convive com o Estado de Direito, que defende o voto livre, que respeita as urnas, que tem diálogo com todos os setores da sociedade. A esquerda radical, porém, se julga dona da verdade, proprietária do Direito. Considera o Estado como patrimônio e os cidadãos como súditos. Por isso, jamais serei um simpatizante dessa esquerda. Seu conceito de democracia é muito diferente do meu. A liberdade, o direito e o voto livre fazem parte da minha vida, mas não estão no dicionário dessa esquerda radical e arcaica, que insiste em sobreviver em Cuba e na Coréia do Norte. Até a Rússia abandonou esse regime, que só trouxe amargura e sofrimento para muitos países. A democracia tem seus defeitos, mas ainda não se descobriu outro regime melhor. Ela sempre caminhou para o futuro e o comunismo para o passado. E ainda existem pessoas sonhando com comunismo.