Hoje, nesta cidade de Caldas Novas, o passado e o presente se encontram, os granadeiros de ontem e de hoje se reúnem, para juntos festejarmos a imortalidade da alegria de ser soldado, para cantarmos as mesmas canções que embalaram o nosso tempo de caserna, para ouvirmos os mesmos sons dos clarins que sempre anunciam a alvorada e o silêncio. É o presente festejando o passado, com o brilho de quem fez e deixou história. Este recinto é hoje o recanto patriótico onde brilha a alma guerreira de um granadeiro. Vejo aqui a alegria e a saudade reluzindo no coração de cada um de vocês, tal como as estrelas reluzem no céu. Hoje, o passado e o presente se tornam vasos comunicantes das mesmas alegrias, da mesma história, dos mesmos valores, das mesmas canções alegres de nossa terra. Somos cidadãos da mesma Pátria, somos soldados do mesmo Exército.
Há muitos anos, vocês deixaram seus lares e enfrentaram o desafio do serviço militar. Fizeram-no com coragem, valentia e grandeza; com a mesma coragem com que as ondas enfrentam os rochedos, com a mesma valentia com que os centuriões enfrentam as batalhas, com a mesma grandeza com que o ideal enfrenta os desafios. Por isso, deixaram na história do Batalhão da Guarda Presidencial frisos purpurados, como aqueles que os raios do sol poente deixam nos horizontes das serras, dos mares, do céu.
Não encontraram na caserna nem favela nem palácio. Apenas uma casa simples, de homens simples como vocês, que usam palavras simples para dizer a verdade. É a casa do soldado, uma casa de tradições, mas sem velhice, uma casa que é um reino, mas não tem majestade. O quartel foi o seu desafio, o uniforme a sua honra.
Vocês, granadeiros, têm alma de soldado, porque amam o seu país, como as flores amam a primavera; porque ouvem o som de um clarim como se fosse o canto de um rouxinol. Vocês têm alma de soldado, porque têm orgulho do uniforme que vestiram, porque retiveram em suas vidas os mesmos valores que imantam a alma de um soldado.
Nós somos todos iguais. O que nos torna iguais não é a história, nem a ideologia, nem a profissão, é o amor que temos pelo Exército e pelo Brasil. A Pátria existe na alma e no coração de todos nós. As cores do Exército e do Brasil estão para vocês como o azul está para o céu, como o orvalho está para as manhãs, como perfume está para as flores.
Os exemplos que vocês deixaram no BGP chegam às novas gerações como o vento chega aos moinhos, como as brisas chegam às praias, como as águas chegam aos rios, como os rios chegam ao mar. Estes exemplos continuam hasteados no mastro do Batalhão, drapejando ao vento e mostrando ao soldado a direção do dever e da virtude.
A vibração de vocês tem a grandeza do altar, a força da fé, a dimensão do tempo. Ela contamina os novos soldados como os momentos contaminam a eternidade, como a neve contamina os montes, como as estrelas contaminam a noite.
Ser soldado não foi um sonho de vocês, mas foi um instante da vida que ficou embalsamado em sua alma como a história fica no tempo. A passagem de vocês pelo Exército não foi como as nuvens, que passam e se dissolvem; nem como as sombras, que surgem e desaparecem. Foi como as águas que correm mas nunca se acabam; foi como o tempo, que passa mas nunca termina.
Granadeiros! Que o amor pelo Exército e pelo Brasil continue fluindo em seus corações e irrigando as suas vidas. Ele tem o encanto das águas dormentes que acolhem o luar, a consistência dos montes rochosos que seguram os ventos, a beleza das neblinas suaves que cobrem os vales.
Que a vida esteja sempre presente nesse corpo envelhecido habitado por uma alma jovem. Lutem pela continuidade da vida como as centúrias romanas lutaram pela vitória. Resistam aos anos como as palmeiras resistem ao vento. Que Deus ilumine todos vocês como o sol ilumina o dia, como a lua ilumina a noite, como o amor ilumina a felicidade.
Granadeiros! Sejam felizes e até a próxima reunião.
Caldas Novas, 24 de abril de 2015.
Gen Bda José Batista de Queiroz
Membro do Batalhão da Saudade.