8 de dez. de 2009

A Inocência da Direita

José B. Queiroz

 

         Falar sobre a direita é difícil, porque ela está cada vez mais cadavérica. Virou moda no mundo ser de esquerda. A mídia, as universidades, as igrejas, as ONGs, os movimentos sociais, todos se dizem de esquerda. Quem não for, sofre patrulhamento, retaliações, perseguições. É estigmatizado de retrógrado, imperialista, quadrado. Dá-se a impressão de que as virtudes estão todas na esquerda e os defeitos todos na direita. 

        

         Nos democracias tradicionais, consolidadas, o povo é consciente e livre na hora de votar. Sabe o quer e o rumo a seguir. Não adianta acenar com fantasias e ilusões. Promessas demagógicas e infactíveis não geram votos, não levam ninguém ao poder. Nessas democracias, a esquerda não tem espaço. Vive à míngua e de migalhas. Morre de fome. Às vezes, pode até conquistar um governo aqui e outro ali, mas logo é expelida. Sua vocação para restringir a liberdade e adulterar a democracia constitui a sua própria enfermidade. Sua vida é efêmera e passageira como nuvens no céu.

 

         O lugar onde a esquerda encontra algum refúgio é nos países pobres e subdesenvolvidos. Às vezes, faz até sucesso. Nesses países, o povo depende do governo para trabalhar, comer e até mesmo ganhar um assento no céu. Promessas e generosidades contaminam o eleitor e vitaminam os votos. A direita sabe disso, mas se sente constrangida em praticar bondades. Não é de seu feitio. Não faz parte de sua ideologia. Nesses países, a democracia é fragilizada pela dependência do eleitor com o governo. A direita é inocente, para não dizer ignorante, em não perceber onde está o caminho do tesouro. Ela tem medo de empunhar bandeiras antes que outros o façam. No Brasil, ela está desnorteada e sem estandarte.

 

         Ela é inocente porque acredita que as coisas vão acontecer do jeito que elas não acontecem. No caso do chamado "mensalão", ela pensava que o Lula fosse sangrar até o fim. Deixou o barco singrar no meio de mar revolto. Só que e o timoneiro sabia manejar bem a embarcação. E nada aconteceu. A verdade é que, no momento, a direita está usando bote salva-vida e a esquerda um iate bem veloz. A candidata do governo já está em plena campanha eleitoral. A oposição nem saiu do lugar. Tem medo de decidir precocemente e de se desgastar antes do jogo. Parece que os dois lados avaliam a mesma realidade de modo diferente.  E a esquerda sempre leva a melhor. Ou ela é muito inteligente ou a direita é muito ignorante.  Ninguém ganha eleição falando ao vento. É preciso falar ao povo, ter bandeira e  proposta. A direita sempre acredita nas boas intenções da esquerda. E aí continua amassando barro. A esquerda nunca foi confiável.