18 de ago. de 2014

Centenário da 1ª Guerra Mundial

Gen Bda José Batista de Queiroz (*)


Após o Congresso de Viena (1815), a Europa viveu um período de quase 100 anos de paz, estabilidade e convivência pacífica. Houve alguns conflitos localizados, como o da Criméia (1853-1856) e a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Eles, porém, não impediram que a paz predominasse. Havia parentesco entre os monarcas dos três principais impérios europeus. George V, da Inglaterra, era neto da Rainha Vitória e primo irmão de Guilherme II, da Alemanha, e de Nicolau II, da Rússia.

                A paz, porém, era aparente. Havia antagonismos e conflitos de interesses entre os países. A modernização industrial aprofundou as rivalidades. A Alemanha não se conformava em ter ficado de fora da partilha colonial, realizada pela Inglaterra e França. As colônias forneciam matérias primas e consumiam produtos industrializados. A perda da Alsácia-Lorena para a Alemanha, na Guerra Franco-Prussiana, mantinha aceso o sentimento de revanchismo da França A Península Balcânica era também uma área de interesses conflitantes entre a Rússia e a Alemanha. A Rússia desejava ter acesso ao Mar Negro e colocar sob sua proteção militar os países eslavos. Essa rivalidade se estendeu também à Áustria, quando ela anexou, em 1908, a província eslava da Bósnia-Herzegovina, cujos habitantes eram, em sua maioria, de origem serva. Essa anexação exacerbou o antagonismo entre a Sérvia e o Império Austro-Húngaro.

                Essas rivalidades políticas, econômicas e comerciais alimentaram uma corrida armamentista. Inicialmente, entre a Alemanha e o Reino Unido. Depois se ampliou para toda a Europa. Os gastos militares, entre 1908 e 1913, cresceram 50%. A Revolução Industrial da década de 1880 facilitou o rearmamento dos países, criando "um poder de fogo nunca antes visto". A Alemanha tornou-se uma potência econômica e industrial. Em 1898, investiu no poder naval, para igualar ao da Inglaterra. Essa corrida bélica colocou em risco o equilíbrio de poder, obrigando os países a adotarem uma política de alianças. A Europa ficou então dividida em dois blocos antagônicos. De um lado, a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e, de outro, a Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rússia).

O estopim da guerra foi o assassinato, em 1914, na cidade de Sarajevo (Bósnia-Herzegovina), do Arquiduque herdeiro do trono austro-húngaro. A Áustria exigiu a participação de agentes austríacos nas investigações, o que foi rejeitado pela Sérvia, país do assassino. Em 28 de julho de 1914, a Áustria deflagrou a Guerra, invadindo a Sérvia, com o apoio formal da Alemanha. A Rússia, aliada da Sérvia, movimentou suas forças na direção da Áustria. Em represália, a Alemanha declarou guerra à Rússia e esta invadiu a Prússia Oriental. A Alemanha socorreu a Áustria, obrigando os russos a recuarem.

Na frente ocidental, a Alemanha ocupou Luxemburgo e invadiu a Bélgica. Em 4 de agosto de 1914, declarou guerra à França. Diante da invasão da Bélgica, a Inglaterra rompeu com a Alemanha. A rocada de tropas alemãs para socorrer a Áustria, permitiu que franceses e ingleses detivessem o avanço alemão contra Paris, na Batalha de Marne (1914). A partir de então, a guerra adquiriu uma nova característica, para ambos os lados, conhecida como guerra de trincheiras. As trincheiras se estendiam do Canal da Mancha até a Suíça, numa extensão de 700 Km. Esse ambiente estático da guerra só veio a alterar a partir de 1917, com o uso do carro de combate inglês, do avião militar e com a entrada dos Estados Unidos na guerra (6 de abril 1917). Em 1916, houve duas batalhas históricas. A primeira foi a de Some (julho a novembro), onde franceses e ingleses tentaram empurrar os alemães para fora da França. Só no primeiro dia, morreram cerca de 20.000 soldados britânicos. A segunda foi a de Verdun (fevereiro a dezembro), considerada a mais longa da era moderna. Alemães e franceses dispararam, nessa Batalha, mais de dois milhões de granadas de artilharia, resultando em 286.000 mortos e 412.000 feridos. A Artilharia foi a grande arma da Guerra, responsável por 75% das baixas. Pela primeira vez, foram usados gases venenosos nas suas granadas. A metralhadora deu aos Exércitos um grande poder defensivo, mudando o perfil da guerra.

                Em meados de 1915, a Itália rompeu com a Alemanha e passou para o lado da Tríplice Entente. Em 1917, A Rússia entrou em guerra civil e Lênin ascendeu ao poder. No início de 1918, assinou o armistício com a Alemanha (Tratado de Brest-Litovsk). No final de 1918, a Bulgária e os Impérios Otomano e Austro-Húngaro também deixaram o conflito.  A partir daí, o povo alemão passou a desaprovar a guerra, forçando a abdicação do Imperador. Em 11 de novembro de 1918, o novo governo aceitou o armistício, pondo fim às hostilidades. Iniciou-se, então, a Conferência de Paris, que resultou no Tratado de Versalhes (1919). Esse Tratado impôs duras penalidades à Alemanha, entre as quais a sua responsabilização pela guerra, devendo pagar indenizações à Inglaterra e à França. Essas penalidades provocaram a ruína do país. Impôs ainda a redução de suas Forças Armadas e a proibição de fabricar tanques e armamento pesado. Foi obrigada a devolver a Alsácia-Lorena à França. A Guerra destruiu cidades, campos agrícolas e indústrias, gerando grave crise econômica em toda a Europa, principalmente na Alemanha, onde a inflação dobrava os preços a cada dois dias. Além dos prejuízos materiais e dos 13 milhões de civis mortos, a guerra deixou 30 milhões de soldados feridos e 10 milhões mortos. Ao todo, foram mobilizados 70 milhões de soldados, sendo 60 milhões europeus. A Guerra mudou o mapa político da Europa. Quatro Impérios deixaram de existir. A Alemanha e a Rússia perderam territórios. A Áustria-Hungria e o Império Otomano foram totalmente desmantelados. A Guerra marcou o fim do domínio europeu no mundo e a ascensão dos Estados Unidos. Deixou no povo alemão um profundo sentimento revanchista, que levou o país à 2ª Guerra Mundial.


(*) Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil

14 de ago. de 2014

As Desfigurações da Democracia


O conceito de democracia é relativo. Muitas vezes, seu nome é usado indevidamente por governos tirânicos. Na democracia, o povo participa da vida política, elegendo livremente os representantes e os governantes. Este conceito, porém, se fragiliza, quando o eleitor é manipulado e quando o sistema político é unipartidário. O princípio da liberdade é inerente à democracia, mas não é o único que a caracteriza. Ela exige um conjunto de fundamentos. Democracia não é tampouco o governo da maioria, porque essa maioria pode se tornar tirânica e manipular o poder, sem respeitar os direitos das minorias. Não se pode falar em democracia, quando o cidadão não exerce a cidadania em sua plenitude. A cidadania plena engloba o exercício dos direitos políticos, a garantia dos direitos individuais e também o atendimento das necessidades básicas. Numa democracia real, todos têm direitos e deveres iguais. A lei não pode ser flexível para uns e dura para outros. Ela é como o sol. Deve brilhar com a mesma intensidade para todos os cidadãos. Num país, onde as pessoas que exercem o poder são órfãs da ética, da virtude, da dignidade, só podem construir uma democracia à sua imagem, isto é, desfigurada, demagógica, oligárquica. Uma democracia verdadeira não pode ter a escuridão da noite, mas a luminosidade do sol. Deve ser transparente como as águas cristalinas. Democracia sem transparência é o mesmo que céu sem estrelas, noite sem luar, rio sem água.

Infelizmente a nossa democracia não tem o brilho dos cristais. Sua aparência não reflete a realidade. Está contaminada por vícios e artifícios, que comprometem a sua pureza. O poder não é derivado do povo, mas dominado e manipulado por oligarquias político-partidárias. Essa dominação começa na escolha dos candidatos às eleições pelas minorias que dominam os partidos e termina na ingerência indevida do Executivo no Judiciário e nos órgãos de fiscalização e controle dos gastos públicos. Diz a Constituição que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário são Poderes da União, independentes e harmônicos. Essa independência é uma fantasia. A nomeação dos membros dos Tribunais Superiores e do Procurador Geral da República é de competência exclusiva do Presidente da República. Essa independência deixa também de ser real em relação ao Legislativo, por causa das alianças espúrias e do loteamento dos cargos públicos, transformando o Congresso num verdadeiro balcão de negócios e de benefícios. As divergências partidárias desaparecem com a mesma rapidez com que as nuvens mudam de forma. É a deformação mais gritante da democracia. É o controle do poder, na sua forma mais corrompida e degradante.

A Constituição de 1988 foi escrita num ambiente de ressentimentos e de dicotomia ideológica. Os constituintes pensaram muito mais na preservação de seus direitos e privilégios do que na configuração de um Estado realmente democrático. Durante os governos militares, os políticos perderam espaço e poder. Ao escreverem a nova Constituição, ampliaram e garantiram os seus direitos, de modo que pudessem manipular e controlar o poder. O resultado foi a configuração de uma democracia formal, dissimulada e oligárquica, ficando o povo limitado tão somente ao exercício do voto. O eleitor é procurado apenas na época das eleições. Depois, é esquecido e abandonado. O vínculo político entre representante e representado não é permanente, mas ocasional, de acordo com os interesses eleitoreiros do representante. Diz ainda a Constituição que "Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos...". Entretanto, um suplente de Senador – que não teve um voto sequer – assume e exerce o mandato, sem que o povo lhe tenha delegado o poder. A verdade é que, no Brasil, o poder não tem o cheiro do povo. Os representantes não possuem legitimidade. Foram eleitos de forma viciada e desvirtuada. Não ouvem o clamor das ruas e são cegos aos interesses dos cidadãos. Só pensam em tornar realidade o sonho da corrupção. Ela é a maior vergonha de nosso país. Democracia com corrupção é como uma vida sem luz, uma juventude sem esperança, um país sem futuro. É uma democracia desbotada e pálida.

A nossa Constituição estabelece que o Poder Legislativo é exercido pela Câmara e pelo Senado. O Senado compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, em número de três por cada unidade federada. A Câmara compõe-se de representantes do povo. A própria Constituição limita, porém, o número máximo e mínimo de Deputados por unidade da Federação. Esta imposição de limites deturpa a representação política, permitindo que, numa unidade federada, o Deputado seja eleito com muito menos voto do que em outra. Essa distorção eleitoral deforma a democracia ao permitir que o eleitor de um Estado vale muito mais do que o de outro. O que realmente deve limitar o número de deputados por Estado é o número de eleitores desse Estado, uma vez que ele representa o povo. Quem realmente representa o Estado é o Senador. Outra deformação do sistema político-eleitoral é o chamado Quociente Eleitoral (QE) e Partidário (QP). Esse sistema possibilita a transferência de votos de um candidato para outro. Com isso, nem sempre o mais votado é o eleito, tornando a representação política viciada, ilegítima e antidemocrática. O eleitor não vota em partido, mas no candidato. A verdade é que os constituintes não respeitaram a proporcionalidade demográfica na representação do povo. Não respeitaram também a proporcionalidade do segmento feminino, que representa mais de 50% da população. As mulheres não têm nem 20% de representantes, prevalecendo, no domínio do poder, o caráter patriarcal, incoerente com uma democracia real, justa e igualitária.

Outro aspecto que compromete a nossa democracia é a imposição de um Legislativo oneroso e hipertrofiado. Cada unidade da Federação possui três representantes. Nos Estados Unidos essa representação é de apenas dois. A Câmara também tem um número de parlamentares muito exagerado, tornando aquele Órgão extremamente caro para a sociedade. Os Estados Unidos, com uma população de 300 milhões, têm muito menos representantes na Câmara do que o Brasil. Essa hipertrofia se estende também aos Estados e Municípios. Até mesmo os municípios carentes de recursos pagam regiamente os seus vereadores. Em muitos países, os vereadores não são remunerados. A verdade é que o nosso Legislativo (Federal, Estadual e Municipal) é um dos mais caros do mundo, representando uma carga pesada para o contribuinte, praticada sob coação legal do poder público. Além de caro, é ineficiente e lento. Os parlamentares desfrutam ainda de mordomias e privilégios, que são negados aos demais cidadãos. Um Senador tem salário de R$28 mil, carro, motorista, gasolina, telefone, moradia, passagens aéreas, serviços gráficos, correios, duas férias anuais, plano de saúde gratuito, jornada de trabalho de apenas três dias por semana, foro especial, auxílio gravata e ainda R$78 mil como verba de gabinete. Tudo isso é custeado pelos impostos dos contribuintes. Esta é a democracia existente em nossa "Pátria amada", onde se consagram os privilégios e perpetuam-se as injustiças.

            O sistema político-eleitoral também agride a democracia. Ele facilita o domínio das oligarquias. Os políticos exercem os mandatos sem qualquer limite, impedindo a ascensão de novas lideranças. Eles profissionalizam o mandato, reelegendo-se seguidamente, porque o eleitor tende a votar em nomes já conhecidos e não em ideias. O mandato tornou-se um bem hereditário. Isso deforma a democracia. A lei deveria limitar o número de mandatos, impedindo a reeleição continuada. Outra questão é a reeleição de quem ocupa o cargo executivo (Presidente, Governador e Prefeito). Ela seria viável, caso o eleitor fosse politizado e não dependesse das benesses do governo para a sobrevivência. Essa relação de dependência compromete a liberdade do eleitor. Outra incoerência é a obrigatoriedade do voto. Ela atenta contra o princípio básico da democracia: a liberdade. Interessa apenas aos políticos profissionais, porque possibilita a compra e o controle do voto, por meio dos currais eleitorais. Outra demanda da sociedade, para a qual os políticos não se sensibilizam, é a unificação das eleições. Uma eleição custa caro. O Estado brasileiro necessita de uma nova configuração. Existem muitos projetos para moralizar a vida pública e reduzir o custo do Estado, mas estão engavetados no Congresso. Um deles é criação de varas específicas para julgar os crimes praticados contra a administração pública. A nossa democracia é extremamente generosa com aqueles que detêm poder e miserável com os que precisam dela. É saudável apenas na aparência.

            Outro atentado à democracia é o não cumprimento do princípio universal da igualdade de oportunidades. Os grandes partidos desfrutam de mais recursos destinados à campanha eleitoral e de mais tempo na mídia. Isto representa uma verdadeira ditadura dos partidos majoritários, obrigando os pequenos a fazerem coligações para garantir a sua sobrevivência. Essa coligação, quando realizada antes do pleito, transforma os pequenos partidos em legendas de aluguel, a serviço dos interesses pessoais de seus líderes, interessados tão somente no loteamento dos cargos públicos. Ela é nociva à democracia, porque impede os pequenos de terem candidatos próprios. As alianças, visando à governabilidade, só deveriam ocorrer após a finalização do pleito eleitoral, tal como ocorre em vários países. Outro aspecto que merece uma reflexão é a existência de muitas legendas, com propostas praticamente idênticas. Em nosso contexto político não há espaço para tantos partidos. Muitas leis são aprovadas apenas com o voto das lideranças partidárias. Assim sendo, não há necessidade de tantos deputados. A fidelidade partidária é outro tema que precisa ser repensado. A consciência do parlamentar deve estar acima da ditadura do partido, imposta por seus líderes. Ele não pode ser um boneco partidário, mas um representante de seus eleitores. O mandato pertence ao povo e não ao partido. O voto é personalizado e não partidarizado. A verdade é que a política partidária está formatada para atender aos interesses de seus líderes e não para servir à sociedade. O voto secreto dentro do Congresso é outro procedimento que desbota a democracia. Ele deve ser aberto para que o eleitor conheça a atuação de seu representante.

            Diz a CF de 1988, em seu art. 5º, que "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...". Mas o art. 53 cria uma blindagem para os parlamentares, impedindo que sejam "processados criminalmente sem prévia licença de sua casa". Assim, o político não precisa de licença para praticar o crime, mas precisa de autorização para ser processado. Os foros especiais para os políticos e outras categorias profissionais denigrem a democracia. Assim, nem todos são iguais perante a lei. Ela é "aplicada de forma seletiva", punindo uns e beneficiando outros. Permite inúmeros recursos e manobras, beneficiando os que detêm o poder. É flexibilizada de acordo com as conveniências. Um Parlamentar, um Ministro, um Magistrado dificilmente cumprirá pena em prisão. A Justiça não tem o mesmo rigor no julgamento dos crimes contra a pessoa e dos cometidos contra o povo. Ela deveria ser a força da democracia, mas acaba sendo a sua fraqueza. A democracia brasileira só existe para poucos e falta para muitos. O Estado impõe altos impostos e oferece serviços públicos de péssima qualidade. Os remédios, indispensáveis à saúde, são tributados em 33,9% enquanto que, em muitos outros países, essa tributação é zero. A máquina administrativa é pesada e onerosa. O Estado tem quase um milhão de servidores. No período 2003-2013, o custo dessa máquina saltou de R$60 bilhões para R$180 bilhões. O Brasil tem hoje 39 Ministérios enquanto os Estados Unidos têm apenas 17. Além disso, o contribuinte precisa sustentar a corrupção, estimada em 2,3% do PIB.

            O Brasil é um país enfermo, com um pé no presente e outro na República Velha. É injusto com os pobres e bondoso com os poderosos. É a 6ª economia do mundo. Não tem, entretanto, dinheiro para a educação e a saúde, mas tem para estádios e corrupção. O Brasil deverá gastar com a Copa de 2014 o equivalente à soma do que foi gasto nas três últimas Copas. Não há equilíbrio entre os impostos e os serviços públicos. O centralismo tributário canaliza os recursos para a União, mas os problemas estão nos municípios. A representação política não tem compromissos com o país. Vive de mordomias. O Legislativo é o "porão mais sombrio" de nossa vida pública. O que realmente temos é uma democracia corporativa e desfigurada, onde o cidadão mói a cana e fica com o bagaço, produz a riqueza e fica com a miséria. A Administração Pública não tem vocação para a eficiência. Está inchada e enferrujada, cheia de interesses e nepotismo. A distribuição da renda envergonha o Brasil. Cerca de 20% da população recebe apenas 3% da Renda Nacional. Os três Poderes enfrentam uma crise de credibilidade. Diz um ditado popular que "Quem está satisfeito com os políticos ou está doido ou embriagado". Diante de tantas injustiças e deformações, o Estado brasileiro necessita de uma ampla reforma e não de remendos pontuais. Essa nova configuração não pode ser realizada por pessoas comprometidas com o poder, no presente ou no futuro. As manifestações de 2013 acordaram uma democracia distante do povo, mutilada por corrupção, privilégios e injustiças, uma democracia com "feições degeneradas". Precisamos de um Brasil novo e não remendado, de uma democracia no presente e não no futuro. Precisamos de verdades e não de mentiras, de ações e não de promessas. Muitos países têm uma democracia pior do que a nossa, mas o Brasil merece uma democracia melhor do que a atual.

No Brasil, os donos do poder privatizaram a democracia para uso próprio.


José Batista de Queiroz - Membro da Academia de História Militar