General Reformado José Batista de Queiroz
A liberdade e a soberania constituem a estrutura básica da democracia. Ambas começam com a criação do homem, quando Deus lhe concedeu o direito de escolha, o direito de ser livre. Somente com liberdade ele pode escolher o seu próprio caminho. Isto faz parte de sua natureza. A liberdade é o direito que o indivíduo tem de escolher o que ele quer ser, sem a interferência do Estado. A soberania é a capacidade que ele tem de exercer esse direito. A liberdade, portanto, deriva da soberania e ambas são interdependentes. Se um governo não permite que o cidadão exerça seus direitos primários em sua plenitude, então ele é totalitário e viola todos os requisitos da democracia. A liberdade é inerente ao indivíduo e não ao coletivo. Ela é propriedade do cidadão e por ele deve ser exercida. Não pertence às massas, porque é individual e intransferível.
Um aspecto importante da democracia é a liberdade que o indivíduo tem para buscar a competência e produzir bens materiais e intelectuais, para que não dependa dos favores do Estado. Quanto maior for essa dependência, mais força e poder terá o Estado para dominar os indivíduos e a sociedade, enfraquecendo a liberdade e a soberania das pessoas. Quanto mais livre for uma sociedade, mais os indivíduos buscam o seu crescimento e as suas realizações pessoais. A democracia, ao contrário do socialismo, reconhece as individualidades. Cada indivíduo tem ambição e competência diferenciadas. Os seres humanos não são iguais. Pregar igualitarismo entre as pessoas é o mesmo que prometer paraíso para os pobres. São promessas conflitantes com a realidade. O desejo de crescer leva o indivíduo a produzir bens, sejam eles materiais ou intelectuais. Esses bens são de sua propriedade. Confiscá-los para redistribuir a quem não produziu nada é injusto e viola o princípio da soberania. Os bens que resultam do trabalho honesto de um indivíduo são individuais e não coletivos. O coletivo é formado por indivíduos, que até podem associar-se em empresas para produzir bens ou serviços. O cerne da empresa é o indivíduo e este é, portanto, o núcleo central da produção. Este conceito pode também ser estendido a países. O que cada país produz é de sua propriedade. Se outro país interfere em outro no sentido de enfraquecer o seu direito de propriedade sobre parte de seu patrimônio está atentando contra a liberdade e a soberania desse país.
Outro aspecto importante defendido pela democracia é a construção de homens livres, modelados na família, com valores éticos, morais e espirituais. A família é a unidade básica da sociedade e os valores são os seus pilares. Para a democracia, a família é a organização social primária, geratriz de todas as outras. O socialismo, porém, expande o conceito de família para toda a humanidade, o que contribui para debilitar os valores e as tradições do laço familiar. A agenda esquerdista trabalha no sentido de enfraquecer a família. Para isso, defende, nos meios de comunicação, cenas libidinosas agressivas, permissividade sexual, vulgarização do casamento e atos de desarmonia dentro do núcleo familiar. Para a esquerda, quem deve modelar o indivíduo não é a família, mas o Estado, por meio da educação. Na Escola, o aluno deve aprender o que o Estado quer que ele aprenda dentro da proposta socialista e não o que ele realmente precisa aprender. A Escola é o lugar mais apropriado para vender ilusões e atacar os fundamentos básicos da democracia. A mesma estratégia que Hítler usou para implantar o nazismo, a esquerda usa para implantar o socialismo. Ela não passa de um lobo fantasiado de cordeiro.
Para alcançar seu objetivo de implantar um Estado socialista, a esquerda radical investe em várias frentes, como na formação de professores, no controle dos meios de comunicação, nas entidades formadoras de opinião, na igreja, no domínio dos sindicatos e na ocupação de postos-chaves nas administrações da União, dos Estados e Municípios. Para conquistar a mente das pessoas, explora um sentimento próprio do ser humano, que é a compaixão dos que sofrem, dos menos favorecidos, dos grupos sociais minoritários. Para isso, apoia e defende estes segmentos e culpa os ricos pelas injustiças sociais, taxando-os de predadores da sociedade. Outra estratégia usada para enfraquecer a democracia é fraturar a coesão da sociedade, dividindo-a em classes antagônicas e estimulando a desarmonia social, como invasão de terras e outras ações perturbadoras da ordem. Outra ideia explorada pela esquerda em sua doutrinação ideológica é a da libertação. Para ela, numa sociedade capitalista, o povo é escravo das ideias formuladas pelos ricos, havendo necessidade de substituí-las por conceitos renovadores, para que a sociedade se liberte da escravidão intelectual a que foi submetida pela classe dominante. Um grande obstáculo à conquista do poder pela esquerda são as instituições conservadoras e de estrutura bem organizada, as quais representam o cerne da democracia e dos valores éticos e morais. Por isso, são atacadas diuturnamente, de forma direta e, às vezes, por infiltrações, à semelhança do que faz o crime organizado.
O socialismo defende a construção de um Estado forte e grande, com funções ampliadas, para dominar os indivíduos, controlar os meios de produção e distribuição, aumentar a dependência dos indivíduos em relação ao Estado e transformar os cidadãos em servos e não em homens livres. A realidade mostra que a esquerda latino-americana tem, como ícones de democracia, governos ditatoriais, como os de Cuba, Nicarágua e Venezuela. O socialismo defendido pela esquerda radical é uma ideologia que não deu certo no mundo. Basta analisar os fluxos migratórios, direcionados para as democracias consolidadas, onde existe melhor qualidade de vida. A mente esquerdista é um poço de utopias e ilusões, usadas para enganar o povo. Uma de suas características é rejeitar as soluções propostas para os problemas da sociedade que não sejam as suas. Ela se julga dona absoluta da verdade. Não aceita opiniões que se opõem ao seu projeto político. O esquerdista de convicção ideológica só pensa em derrubar o capitalismo e implantar o socialismo..
Quanto mais conheço a agenda da esquerda, mais eu fujo dela. Não consigo absorver suas promessas sedutoras. Não vejo em suas ações a defesa intransigente da liberdade e da democracia. O que realmente defende é uma pseudodemocracia. Não existe em suas siglas partidárias a palavra "democracia". Na América Latina foram criadas duas organizações de esquerda, cujo objetivo é implantar o socialismo. O Fórum de São Paulo (FSP), criado em 1990 e ligada ao Partido dos Trabalhadores, e a Coordenação Socialista Latino-Americana (CSL), criada em 1986 e ligada ao Partido Socialista Brasileiro, foram gestadas em épocas diferentes, mas com o mesmo propósito. A esquerda latino-americana é uma vitrine de mentiras, ilusões e fantasias. Atenta contra os bens materiais que o indivíduo honestamente construiu e contra a liberdade com a qual ele nasceu. A esquerda prega o socialismo como paraíso da felicidade, onde todos são iguais. Na verdade, porém, é um mundo vestido de autoritarismo, onde a pobreza continua, a corrupção prevalece, a liberdade some, a soberania morre, a democracia desaparece. O silêncio da esquerda é mais perigoso do que o raio.
Este artigo é uma síntese do livro "A Mente Esquerdista", de Lyle H. Rossiter.