Anteriormente, falei sobre minha visita à Brasilândia. Senti-me frustrado em ver uma realidade com tanta escuridão. A economia estava andando de muletas. Vivia dias de incertezas, de desesperança, de cansaço. Parecia carro em ponto morto, sem força pra subir morro. Resolvi voltar para ver se alguma coisa havia mudado. A natureza continua bela e luxuriosa. Encanta qualquer visitante. Os dias sempre amanhecem cheios de sol. As tardes se escondem nas ondulações das serras, colorindo as nuvens rendadas quem cobrem o céu. Os campos acordam esmaltados pelo orvalho que a noite deixa. As matas exibem o seu verde exuberante, símbolo de vida e encanto. Os rios correm suaves por entre suas margens, só desviando de curso, quando São Pedro exagera em sua bondade. Na costa, o mar beija as praias, longas e sedosas, aquecidas pelos raios dourados do sol. O vento balança a folhagem dos coqueiros. A brisa refresca os corpos desnudos deitados na areia. Contemplar essa natureza tão cheia de poesia e não se encantar é o mesmo que escalar a montanha e não enxergar os vales. A natureza de Brasilândia parece ter sido feita de flores. É linda e perfumada. Merece um sorriso, uma lágrima, uma oração. Quanto ao povo, a bondade e a alegria continuam brilhando em seus corações. Para ele, a vida é como o vento, com o rio, como a chuva. Tudo é simples e parece estar bom. Tanto faz pisar uma ou duas vezes no mesmo prego. A dor vai ser a mesma. Tudo é igual. Nada se transforma. É mais fácil o jacaré dar um sorriso do que as coisas mudarem. Elas só mudam de verdade mediante uma revolução, que é pouco provável. Além desse pacifismo genético, o povo é incoerente. Muda de ideia como a palmeira muda de rumo. Não sabe o que realmente quer. Ora está na esquerda, ora na direita. Tudo por falta de solidez na educação. Para ele, democracia e liberdade são ideias subjetivas. O que realmente importa é a cerveja e a cachaça, o carnaval e o futebol, o feijão e o arroz. O resto é resto.
Quanto à realidade política, ela mudou para pior. Os políticos continuam sendo os grandes pecadores, os grandes vilões da história. A corrupção é o maior pecado e o político o maior pecador. Tornou-se endêmica. Está por toda parte. Já contaminou até os vasos sanguíneos. É forte e perigosa. Para frustração e agonia do povo, todos os pecadores são cegos, surdos, mudos e ainda mentirosos. Os políticos de Brasilândia, em sua maioria, envergonham o país. Desviam recursos com a maior cara de pau. Eles já nascem defeituosos e mal intencionados. Sua alma é retorcida como árvore do cerrado. Se queimá-la, até a cinza sai torta. Por onde andam, praticam sempre más ações, sem nunca deixar rastros. São espertos como aves de rapina. Zombam do eleitor. Andam sempre com supositórios para colocar no povo. Em Brasilândia, os maiores ladrões não são os pobres, mas os de casaca. A presidência do país continua sendo exercida por uma mulher. Ela se julga uma Imperatriz, sentada num trono aveludado, mas não tem elegância nem charme. É mandona, incompetente, autoritária, prepotente e ainda mal educada. Deus, por ser bondoso, poderia fazer duas caridades: ajudar o povo a tirá-la do trono e levá-la para bem longe. Não apenas ela, mas também o seu partido. Eles levaram o país para o fundo do mar. Confiscaram o futuro do país. Tudo por causa de ideias arcaicas, ultrapassadas, envelhecidas. Ideias de um socialismo fracassado. Vestiram a realidade com fantasias, com mentiras. Enganaram o povo. Querem ser uma lenda na história. É muita arrogância e pretensão. Eles nada mais são do que uma nuvem negra nos céus de Brasilândia, um pesadelo no sono do povo, um rio que desviou de seu curso. Vão entregar o governo, bagunçado como os dias de carnaval. Um dia os eleitores vão exercer a sua sabedoria e tirar do trono a falsa Imperatriz. Mudanças, porém, só ocorrerão se os pecadores forem todos guilhotinados. O povo, porém, não gosta de violência. Prefere deixar como está. Todo governo tem vida limitada. Ele é como as águas de um rio que acaba no mar, onde deixará de ser rio. As águas que virão têm, entretanto, as mesmas nascentes. Serão barrentas como as que já passaram. Mas Deus é caridoso. Ele iluminará o eleitor na hora de votar e talvez uma nova esperança brilhe no céu.
José Batista de Queiroz
Brasília, 27/8/2015 jobaque@gmail.com